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Meio Ambiente
Quinta - 15 de Março de 2012 às 16:09
Por: Leandro J. Nascimento

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Ilustração

Quinze por cento da área desmatada na Amazônia Legal brasileira até 2008 apresentam potencial para elevar os índices produtivos do Brasil e estão em condição de sub-uso ou mesmo sem utilização. Na prática, são quase dez milhões de hectares em pastagens sujas, com solo exposto ou em regeneração e que podem ser melhoradas para aproveitamento do setor agropecuário. É o que aponta o TerraClass, sistema baseado em estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Conforme explica Cláudio Almeida, chefe do Inpe Amazônia e um dos coordenadores do TerraClass, o número foi calculado com base no ano de 2008, quando o sistema desenvolvido pelas entidades do Governo Federal mostrou a dinâmica de ocupação das terras desflorestadas na Amazônia Legal.

"Essas são áreas que podem ser melhor aproveitadas, onde estão pastagens ruins. Há uma potencialidade e pode [o espaço] ser usado para agricultura sem precisar abrir novos territórios. Estão sendo sub-aproveitadas", declarou o representante do Inpe.

No Brasil, em 2008, o governo federal mapeou o desmate de 719.210,99 quilômetros quadrados dentre os nove estados que integram a região amazônica: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Rorraima e Tocantins. Ao analisar a ocupação destes espaços o TerraClass mostrou que a maior parcela foi ocupada pela atividade pecuária. No entanto, o sistema não especifica se o mesmo setor foi responsável pelo desmatamento no território.

Mas além de ocupado pela pecuária, posterior aos desflorestamentos, algumas áreas foram preenchidas também com atividade agrícola, mineradora, ocupação urbana, entre outras destinações.

Somente em Mato Grosso, único estado do Brasil a ter em seu território a presença de três biomas (Cerrado, Pantanal e Floresta Amazônica), possui sob influência da Amazônia Legal mais de 500 mil quilômetros quadrados. De acordo com o TerraClass, este estado possui em torno de 3 milhões de hectares em pastagens dentro da região amazônica que podem ganhar nova destinação. Serem preparados e transformados para receber plantação de grãos, sistemas de integração ou mesmo a pecuária.

Conforme explica o chefe do Inpe, Cláudio Almeida, 1,8 milhão de hectares são de pasto sujo; sendo 1,1 milhão de regeneração com pasto e 33 mil hectares com pasto em solo exposto. Para o setor produtivo de Mato Grosso, mais que ter um espaço disponível para utilização pela agropecuária e de maneira legal é necessário encontrar formas de obter recursos para investir nas atividades.

"É preciso tecnologia para reformar pastos, melhorar pastagens, a genética. Acontece que não temos políticas públicas. O produtor não pode fazer tudo sozinho. Tecnologia é um produto exposto, mas é preciso dinheiro para adquiri-la", pontuou Luciano Vacari, superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).

Vacari lembra que aproveitar o potencial das terras pouco utilizadas no estado serviria para a unidade federada aumentar seus índices produtivos. Somente a pecuária, por exemplo, teria condições de dobrar o número de animais criados em cada hectare.

Mas os investimentos exigem cifras bilionárias. Pelos cálculos da Acrimat, somente para recuperar no estado as chamadas terras degradas seriam necessários pelo menos R$ 15 bilhões. "A média do estado é de um animal por cada hectare. No mínimo fazendo uma análise modesta, teríamos condições de dobrar os nossos índices de produtividade, chegando até cinco vezes mais. Poderíamos aumentar os abates, exportar mais, consumir e produzir mais. Mas temos as limitações que é a condição de pastagem que não permite colocar mais animais", considerou o superintendente da Acrimat. "Poderemos atingir isso com políticas públicas. Sem elas, o pecuarista não tem a menor condição de arcar sozinho", finalizou.





Fonte: Do G1 MT

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