Avanços são reconhecidos por consultor em política ambiental
Para o professor de Stanford Thomas C. Heller, a dependência entre economia e meio ambiente atingiu o ápice e os países precisam aceitar que o progresso está intimamente ligado à produção e ao uso dos recursos naturais. As declarações foram dadas à revista Veja dessa semana (11), que traz nas páginas amarelas a entrevista com um dos mais influentes especialistas em política ambiental do planeta onde Mato Grosso é citado como exemplo de sucesso.
Heller destaca o papel importante dos emergentes no contexto da produtividade e, ao citá-los como ‘porta de entrada’ para o que ele considera a nova ordem mundial ‘verde’, exemplifica práticas adotadas pela China e pelo Brasil de estímulo à sustentabilidade.
“Apesar de ser o maior poluidor do planeta, a China é hoje quem mais investe em energias renováveis. Já conseguiu reduzir em 20% o nível de poluição em relação ao PIB. Mas, não precisamos ir até a China para ver os sinais de mudança. No Brasil também temos histórias de sucesso como é o caso de Mato Grosso", diz o especialista.
"As estatísticas mostram que o ritmo do desmatamento da Amazônia está diminuindo. A extensão das florestas derrubadas caiu 74% entre 2004 e 2010. Os ambientalistas xiitas não gostam de admitir, mas, no caso de Mato Grosso, essa redução se deve diretamente aos ganhos de produtividade di agronegócio”, disse o consultor que também é membro do painel da ONU.
Para ele, se bem administrado, o progresso é benéfico ao meio ambiente. “O raciocínio é elementar, quanto mais cabeças de gado se consegue criar em uma mesma área, maior a riqueza produzida por metro quadrado e menor o impacto ambiental da atividade econômica”, ressaltou Heller ao comentar uma das práticas sustentáveis adotadas pelo setor em Mato Grosso.
Na entrevista, o especialista fez questão de frisar a importância que países como o Brasil terão ao liderarem o processo de transição para a nova ordem mundial ‘verde’. “Países em desenvolvimento terão de criar formas de elevar, e muito, a produtividade de sua economia para suportar a inclusão de 3 bilhões de pessoas na classe média nos próximos 20 anos. Isso pressupõe criar políticas públicas de estímulo à sustentabilidade e investir em maciçamente em inovação e planejamento urbano, algo que os emergente estão em condições de fazer, uma vez que não tiveram suas finanças corroídas pela crise global”, finalizou Heller.
Ao analisar a questão na esfera estadual, a ambientalista da TNC Mato Grosso, Gina Valmórbida fala sobre a mudança de conceito em relação à política ambiental no Estado e a ferramenta utilizada pelo poder público em parceria com o setor do agronegócio nesse processo.
“A opinião de setores ambientalistas mundiais durante alguns anos foi construída em cima de números negativos sem que tivéssemos mostrado o contraponto, ou seja, aquilo que realmente estava sendo feito e ainda está na busca do equilíbrio, da preservação e da sustentabilidade. O ponto crucial que marca o grande avanço de Mato Grosso foi exatamente a busca do que era comum entre os diferentes (ambientalistas e ruralistas). Esse trabalho de consenso foi feito à época em que Blairo Maggi era o governador do Estado. Ele foi a liderança que conseguiu conquistar espaço e respeitabilidade necessários para se construir (desde 2004) políticas capazes de reduzir o desmatamento, trazer o produtor rural para a legalidade, mudar a realidade no campo e promover a produção sustentável sim”, disse Valmórbida ao lembrar a implantação do MT Legal no Estado.
O programa MT Legal
Discutido amplamente no estado com os diferentes segmentos, ambiental, produtivo, Ministério Público Federal e Estadual, o MT Legal prevê formas de compensação, de acordo com o tamanho da propriedade e de recuperação das áreas degradas. Um dos principais pontos do programa e que inclusive respaldou a elaboração do novo texto do Código Florestal brasileiro - em tramitação na Câmara dos Deputados-, diz respeito ao Programa de Regularização Ambiental Rural (PRA), cujos dispositivos propiciaram a regularização do passivo ambiental existente no campo.
“Esse mecanismo garante legalidade a milhares de produtores que passam a contar com um instrumento ágil e de custo reduzido. Simultaneamente, o PRA deve contribuir para sanar o passivo ambiental relativo à degradação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e conversão de Reserva Legal”, explicou o professor mestre em Agricultura Tropical, Luis Henrique Daldegan, que à época da criação do programa foi secretário de Meio Ambiente em Mato Grosso.
“Já avançamos e muito. Dos municípios que implantaram o MT Legal 90% já concluíram o levantamento e mapeamento de tudo. O MT Legal está sendo potencializado e valorizado dentro do Código Florestal e sob esse aspecto, estamos gerando conhecimento e exportando experiência para o Brasil inteiro. Com certeza essa é uma das nossas maiores vitórias, porque nossa maior riqueza é a mudança de conceito”, finalizou Gina Valmórbida, ambientalista em Mato Grosso. Com informações da assessoria e da revista Veja.
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