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Cultura
Sábado - 24 de Dezembro de 2011 às 08:14

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Desde a última quarta-feira a Igreja Nossa Senhora do Bom Despacho se torna palco para a apresentação de diversos corais de Cuiabá, através do projeto Cantata Natalina.

Fruto de uma parceria da prefeitura de Cuiabá e o Museu de Artes Sacras de Mato Grosso (MASMT), a entrada para assistir às apresentações é um litro de leite. Para fechar a programação, neste sábado e domingo, apresenta-se o Cantorum, um grupo de louvor a Deus, que completa seu quarto ano no início de 2012. Criado por André Vilani, um dos grandes nomes do canto coral em Mato Grosso, desde julho o Cantorum vem participando, uma vez por mês, das missas dominicais nessa igreja. E preparou uma apresentação especial para as missas que acontecem às 11h (sábado) e 20h (domingo).

A participação do coral nas missas celebra a parceria entre o Cantorum e o padre Kleberson, um mato-grossense de Jaciara, de 27 anos, que também canta nas missas. “Muitas pessoas têm me cumprimentado pela iniciativa e algumas disseram que, se morressem hoje, morreriam felizes”, comenta o religioso entusiasmado. As missas têm uma duração aproximada de duas horas. Segundo Kleberson, trazer a música sacra para a cerimônia, especialmente o canto gregoriano, é “uma tentativa de resgatar esse tesouro da Igreja que está esquecido, escondido”.

“Muitas pessoas vieram me cumprimentar pela iniciativa e algumas disseram que, se morressem hoje, morreriam felizes”, comentou o celebrante, entusiasmado. As missas têm uma duração aproximada de duas horas. Padre Kleberson, que se considera um conservador, ressalta que a população brasileira deixou de saborear o prazer de ouvir cânticos religiosos em latim e na tradição gregoriana. “Alguém pode dizer: ‘Mas, padre, não estou entendendo nada’. Não tem problema, Deus é mistério e o Cantorum está enriquecendo a liturgia da missa. Não queiram entender tudo. Vivam o momento”, comentou o religioso durante a missa, que entoou partes fixas da liturgia.

André Vilani, por sua vez, lembra que o canto gregoriano foi utilizado pelo papa Gregório como uma forma de manter a unidade da Igreja, numa época em que as distâncias e dificuldades de comunicação eram imensas. Ele explica ainda que como é feito em escalas modais, esse tipo de canto acaba dando a sensação aos ouvintes de estar levitando. Em outras palavras, mexe profundamente com as sensações e emoções de quem o está escutando e quem está cantando.

O canto gregoriano é mais antiga manifestação musical do Ocidente e tem suas raízes nos cantos das antigas sinagogas desde os tempos de Jesus Cristo. O período de formação do canto gregoriano vai dos séculos I ao VI, atingindo o seu auge nos séculos VII e VIII, quando foram feitas as mais lindas composições e, finalmente, nos séculos IX, X e XI, princípio da Idade Média; começa, então, sua decadência. “É comum ver pessoas dizendo que o Canto Gregoriano é coisa do passado, mas isso é um equívoco. Uma tradição não morre, ele se modifica, influencia novas estéticas e agrega novos valores”, enfatiza Vilani.

Mas nem só o Canto Gregoriano vai embalar as missas deste final de semana. Ao repertório litúrgico vão se juntar várias músicas natalinas. Dessa forma, o público que presenciar as celebrações vai ouvir o Cantorum interpretando “O Crux Ave”, de Palestrina, composição usual de diferentes períodos da música sacra, como o Renascimento e o Romantismo; além de peças como “Cantate Domino”, de Haendel; “Ave Maria” de Gounod; e “Panis Angelicus” de Cesar Frank, entre outras.

Estão ainda no repertório composições como “Sanctus”, música anônima barroca; Dapacen Domine, de Melchior Franch e “Cântico Dell Agnello”, de Marco Frisina. Composições famosas que remetem ao Natal, como Adeste Fidelis, O Primeiro Natal e Noite Feliz também estão relacionadas.

O Cantorum conta atualmente com cerca de 30 vozes, mas, a partir de março do ano que vem, estará aberto a novas vozes. Os novos cantores e cantoras, antes de ingressar no coral passam por um teste com o regente. Mais informações podem ser obtidas com André Vilani, através do telefone 9233 4627.

“O Cantorum é um grupo de louvor a Deus. A arte vem como consequência. Muitas pessoas vêem a música sacra como arte, mas nós entendemos que antes da arte vem a devoção. Nós, do Cantorum, cantamos com muita devoção”, finaliza Vilani.





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