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Economia
Segunda - 31 de Outubro de 2011 às 13:08

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Nos planos da empresa, meta é atingir produção de 4,5 milhões t/ano de celulose até 2021. O escritório da Eldorado Brasil na cidade de São Paulo (SP) está funcionando a todo vapor, à espera do início de produção da fábrica de 1,5 milhão de toneladas por ano de celulose branqueada de eucalipto (BEK) do grupo, esperada para novembro de 2012. A equipe de funcionários da empresa já cresceu tanto que a Eldorado está buscando um novo escritório para acomodar todo mundo e os novos colaboradores que estão sendo contratados. Enquanto isso, o time de vendas agenda viagens para a Ásia, Europa e América do Norte. Nas salas de reuniões, uma câmera ao vivo dá acesso total ao local de construção da fábrica, em Três Lagoas (MS), como uma prova final de que o projeto é real. "A Eldorado pretende nascer já como a quinta maior fabricante de celulose BEK no mundo, e o local tem espaço para mais duas linhas, uma planejada para 2017 e outra para 2022", revela o diretor comercial e de logística da companhia, Reginaldo Gomes. Gomes, assim como muitos de seus colegas na Eldorado, já tinha experiência no setor de papel e celulose por ter trabalhado na VCP (que na fusão com a Aracruz se transformou na Fibria, em 2009). Ele conta que o principal acionista da Eldorado, a J&F Holding, procurou por pessoas com grande conhecimento do setor para liderar o projeto. "Costumamos dizer que, se formos somar todo o tempo de experiência dos funcionários da Eldorado, teríamos centenas de anos. Nossa planta de celulose estado-da-arte está seguindo o padrão do mercado e estamos contratando fornecedores tradicionais, então mesmo que a J&F seja nova no setor, a Eldorado Brasil nasce com um conhecimento profundo deste mercado e, assim, sabemos que estamos atuando de forma segura", o executivo afirmou. Seu discurso é uma resposta aos comentários feitos pelo mercado nos últimos dois anos, de que o grupo não seria capaz de construir sua planta de celulose ou que então venderia o projeto. Gomes salienta que tais teorias não tinham sentido, já que a J&F Holding é muito agressiva na conquista de resultados. "As receitas de apenas uma das empresas do grupo, a produtora de carnes JBS Friboi, passou de US$ 300 milhões nos anos 2000 para US$ 31,3 bilhões em 2010. Esse é um crescimento astronômico, e a mesma perspectiva positiva é esperada para a Eldorado", disse. Nos planos da Eldorado, a empresa irá atingir uma capacidade de produção de 4,5 milhões t/ano de celulose até 2021. Gomes explica que a entrada da J&F no negócio não deveria ser encarada como uma surpresa. "A holding é muito dinâmica, tem recursos e quer expandir seu portifólio. No estado do Mato Grosso do Sul existem terras disponíveis, o clima é apropriado e o grupo têm o apoio total da sociedade, já que o governo local quer industrializar a região, majoritariamente ocupada pelo gado. Existem cerca de 2,5 milhões de hectares de áreas degradadas pelo pasto, que podem ser usadas para a plantação de florestas, e nós estamos trazendo desenvolvimento e contratando mão de obra local", explicou. As projeções da Eldorado mostram que o mundo precisará de mais 25 milhões t/ano de celulose até 2023, e é justamente a esta demanda que a empresa quer atender. "O início de produção da Eldorado acontecerá no melhor momento possível, já que os outros projetos de celulose são esperados para inciar operações depois dele. Mesmo com a atual ameaça de crise, existe a tendência de crescimento para o mercado de celulose", Gomes adicionou. Agora, o próximo passo da empresa é completar sua fusão com a Florestal Brasil. A negociação com acionistas levou cerca de um ano. A partir de agora, a estrutura de capital irá mudar, com a holding J&F detendo 58,6% das ações, a MCL Empreendimentos, 25% e os fundos Funcef e Petros, 8,2% cada. Cerca de 25% do investimento na construção foi realizado pelos próprios donos e 75% financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outras fontes. Assim, o primeiro fardo de celulose da Eldorado deverá sair da fábrica em novembro de 2012. Neste mês, a construção da fábrica já chega aos 40% de conclusão e 4,2 mil pessoas estão trabalhando no local da construção. O pico da obra é esperado para abril de 2012, quando cerca de 8 mil trabalhadores estarão lá. Estratégia de vendas. O principal mercado focado pela Eldorado é a China, que deverá absorver cerca de 45% das vendas da companhia, seguido pela Europa, com 40-45% e América do Norte e outros países, que ficarão com 10-20%. " A China precisa de fibra virgem, pois mesmo a fibra reciclada tem um alto custo no país. Sabemos que eles não fazem compras regulares, às vezes aumentando seus estoques quando os preços estão baixos, mas irão precisar de mais celulose no futuro, e os grandes produtores de papel não podem trabalhar apenas no mercado spot", Gomes apontou. O trabalho de vendas já começou, pois muitos compradores ainda não conhecem o projeto ou têm dúvidas sobre ele. "Existe uma expectativa muito positiva dos clientes de ver um outro produtor de celulose entrando neste mercado, sem joint-ventures, e nós temos sido bem recebidos", Gomes salienta. A Eldorado está terminando o processo de contratação de lideranças da área de vendas e irá alocar pessoas estratégicas na Ásia e Europa. O estilo de negócios da Eldorado, conforme Gomes, será muito transparente e humilde, atendendo todos os tipos de empresas, não importa o tamanho ou volume de compras. A Eldorado acredita que cerca de 35% da sua celulose será utilizada para produzir papéis de imprimir/escrever e entre 30-40%, na fabricação de papéis para fins sanitários. Florestas. Uma das controvérsias envolvendo o projeto da Eldorado foi como a empresa iria administrar seu fornecimento de madeira. Competidores costumavam dizer que a Eldorado não teria toda a matéria-prima necessária para uma fábrica tão grande. Por conta disso, a fusão da Eldorado com a Florestal Brasil foi considerada por muitos como essencial para provar que a companhia teria fornecimento de madeira ao longo dos anos. "Nós já temos 65 mil hectares de florestas plantadas e, até o final deste ano, chegaremos a 80 mil hectares. Iremos iniciar nossas operações comprando cerca de 40% de madeira de terceiros, em áreas arrendadas, mas isso é o que outros fabricantes também fazem", Gomes explicou. De acordo com ele, com o passar dos anos, a Eldorado terá uma porcentagem maior de plantações em áreas próprias. A empresa tem um plano de investimento florestal envolvendo US$ 1 bilhão até 2016, com a meta de deter 210 mil hectares de florestas plantadas. "A Eldorado irá plantar cerca de 30 mil hectares por ano para atingir esse número", o executivo afirmou. A produtividade atual nas plantações de eucalipto do grupo estão entre 40-45m³/ha/ano, mas Gomes crê que no próximo ciclo de plantios o número possa chegar a 50 m³/ha/ano. Assim como outros produtores de celulose, o cuidado com o meio ambiente também é levado em consideração e parte da madeira usada na Eldorado em seu início de produção já terá o selo do FSC. Em 2017, a meta da Eldorado é ter 100% de sua matéria-prima certificada.
 
Logística - O transporte de celulose da Eldorado para o porto de Santos, localizado a cerca de 800 km, no estado de São Paulo, será feito por meio de trens e barcaças. Metade da produção irá chegar ao porto diretamente por trem, depois de um trecho de 90 km por rodovia até o terminal ferroviário de Aparecida do Taboado (MS). O restante deixará a fábrica da Eldorado diretamente em barcaças, por meio de um pequeno afluente dentro da área da fábrica, pelo qual a celulose será transportada até chegar a Pederneiras (SP), a 450 km dali, onde então será transposta em trens. "Isto reduz drasticamente os custos de transporte", comentou Gomes. A Eldorado fechou um acordo de logística com a companhia de logística ALL, assim como com a Usiminas Mecânica, esta última responsável pelo fornecimento de 447 vagões telescópicos - que podem ser abertos por cima. Cada um dos vagões poderá levar 44 fardos de celulose, com um peso total de 88 toneladas. No porto de Santos, a Eldorado irá ainda construir um armazém, onde será possível estocar 68 mil toneladas de celulose. "Também teremos nosso próprio terminal marítimo lá, podendo receber até dois navios ao mesmo tempo", o executivo detalhou. Por Marina Faleiros, Editora Associada, PPI América Latina, mfaleiros@risi.com.






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