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Agronegócios
Quinta - 13 de Outubro de 2011 às 15:03

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A safra de cana do Centro-Sul do Brasil em 2012/13 deverá ser similar a que está sendo colhida agora, uma vez que o tempo adverso dos últimos meses afetou o desenvolvimento das plantas, disse o presidente do principal grupo de produtores do País nesta quinta-feira.

O Centro-Sul, que responde por 90% da produção de cana no Brasil, teve sua primeira queda de safra em 11 anos devido a condições climáticas desfavoráveis desde 2009 e à baixa produtividade por falta de renovação dos canaviais.

"Estamos como paciente na UTI. Entra com uma carga de antibiótico que não dá certo, tenta outra, para deixar o paciente vivo até 2013/14", disse Ismael Perina, presidente da Organização dos Plantadores de Cana do Centro-Sul do Brasil (Orplana).

"Se os investimentos demorarem a chegar, vamos conviver com dois, três anos de condições semelhantes (de safra)... O estrago foi grande", acrescentou.

O Brasil responde por mais da metade do comércio global de açúcar, e as oscilações na produção podem ter grande impacto sobre os preços internacionais da commodity.

A indústria não está conseguindo acompanhar o boom na demanda local para etanol, impulsionada pelas fortes vendas de carros flex fluel.

Mais cedo este ano, o governo anunciou uma série de medidas para impulsionar a produção e reduzir o risco de falta de etanol na entressafra, mas a maior parte delas ainda não foi implementada.

Produtores independentes respondem por cerca de 30% da produção de cana do Brasil. O restante da cana é produzido pelas proprias usinas.

A consultoria Datagro disse em setembro que a próxima safra poderá, na verdade, ser menor que a atual pois podem ser necessários anos para que a produtividade se recupere totalmente.

O tempo seco em 2010 e as condições climáticas adversas mais uma vez em 2011 - momentos de tempo seco, excesso de chuvas e geadas - baixaram a rodutividade neste ano para cerca de 72 t de cana por hectare, abaixo das 85 t em anos recentes de boas safras.

O efeito do clima foi agravado pelo fato de que a indústria está atrasada em seu cronograma de replantio, devido principalmente à crise financeira de 2008, que forçou as usinas a postergar a renovação dos canaviais, que ficaram menos produtivos.

Os altos preços do açúcar dos últimos anos contribuíram para que as usinas não quisessem perder os altos retornos retirando plantas mais velhas para fazer o replantio. A cana recém-plantada leva pelo menos um ano para atingir seu potencial.

Abaixo da média
Produtores independentes estão aumentando a área de renovação neste ano, para a média histórica de 17% a 18% dos canaviais, disse Perina.

Mas isso não será suficiente para compensar o encolhimento de áreas recém-plantadas dos últimos anos, quando a taxa de replantio caiu para apenas 5% a 10% da área total.

Em maio, o governo anunciou uma linha de crédito específica para produtores independentes replantarem a cana, mas a medida não tem sido suficiente para estimular investimentos significativos, disse Perina.

As restrições de crédito impostas pelos bancos e o aumento dos custos de fertilizantes e agroquímicos são um entrave a mais para uma renovação mais expressiva, acrescentou






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