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Economia
Quinta - 29 de Setembro de 2011 às 08:10
Por: MARIANNA PERES

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Mercado local do gás natural esteve por anos envolto em incertezas e na iminente ameaça de desabastecimento
Mercado local do gás natural esteve por anos envolto em incertezas e na iminente ameaça de desabastecimento
Com a usina térmica Governador Mário Covas, em Cuiabá, disponível para gerar energia ao Operador Nacional do Sistema (ONS) – momento comemorado anteontem, na Capital – após quatro anos de total paralisação, a MT Gás volta a sonhar com a reativação do mercado local, seja por meio da ampliação da distribuição do combustível, como também pela retomada dos investimentos para o uso na forma de Gás Natural Veicular (GNV).

“Estou na MT Gás desde 2006. Assumi o cargo alguns dias antes da nacionalização dos hidrocarbonetos e de lá prá cá, enfrentamos de tudo por aqui. Foi um período de muita adversidade e de paciência”, relembra o presidente da Companhia, Helny de Paula.

Ele frisa que com a térmica em operação, tem início um novo período para o Estado e com ele vem o desafio de reaquecer um potencial consumo arrefecido ao logo de 64 meses, desde que o presidente da Bolívia, Evo Morales, decretou em maio de 2006, a nacionalização dos hidrocarbonetos, o que levou à ruptura de contratos internacionais de compra e venda de gás, que culminou com o cancelamento de despachos do produto para o Estado.

Enquanto a maior consumidora de gás natural do Estado, a usina térmica de Cuiabá esteve parada por falta de fornecimento de gás natural boliviano, todo o potencial mercado consumidor ao combustível andou para trás em Mato Grosso. Sem o consumo da térmica, que ficou por quatro anos sem gerar um megawatt sequer, a oferta de gás nos postos era uma tarefa quase impossível. Num exemplo, a situação podia ser ilustrada da seguinte maneira: imagina uma carreta transportando uma latinha de refrigerante. Imagine uma carreta lotada de latinhas de refrigerante. Em qual das situações há retorno financeiro? O transporte de “uma latinha” deixou como saldo o encerramento das atividades de 95% das oficinas que faziam a conversão para o GNV, postos de combustíveis que investiram cerca de R$ 600 mil para cada bomba de GNV nunca conseguiram reaver o capital. A GNC Brasil, empresa responsável pela compressão, transporte e distribuição de gás aos postos e à planta da Sadia, em Várzea Grande, ameaçou em abril deste ano deixar o Estado, após contabilizar prejuízos acima de R$ 7 milhões desde que começou a operar a entrega do gás, há cerca de seis anos. Além do gás, a MT Gás terá de vender, novamente, o sonho do gás em Mato Grosso.

Neste período, a instabilidade e prejuízos decorrentes do desabastecimento fizeram com que metade dos taxistas deixasse de utilizar o gás como combustível. Logo após chegar aos postos, em setembro de 2005, o combustível conquistou a categoria que no pico de adesão atingiu 50% dos mais de 700 profissionais ativos na grande Cuiabá. Atualmente, o próprio sindicato da categoria acredita que somente 15% utilizem o GNV.

INVESTIMENTOS – Dentro do Distrito Industrial há uma espécie de “coluna vertebral” de 20 quilômetros de rede de distribuição que teria de receber ramais e assim atender às indústrias localizadas naquela região. “Existe até EIA-Rima. Faltou apenas o gás natural”, aponta de Paula. Para dar sequência aos projetos, o presidente da MT Gás antecipa que as obras precisam de parcerias público-privadas para sair do papel. “Temos estimativas de quem o custo de um quilômetro do gasoduto exija investimentos de R$ 1 milhão”.

Além da Sadia, em Várzea Grande, única empresa que consume o combustível, outras duas se prepararam para a fonte alternativa, mas nunca usufruíram dos investimentos, a Rexan e a Bimetal.

De Paula conta que a parte nova do complexo da Sadia, que ainda não entrou em funcionamento, é 100% adaptada para o consumo do gás natural e que quando estiver em operação será uma grande consumidora. “Temos grandes consumidores em potencial, além do Distrito Industrial, como em Campo Verde. Há muito para ser explorado”. O gás natural é viável economicamente em um raio de 200 quilômetros.

“Nosso maior desafio é expandir a adesão ao gás natural e conquistar parceiros privados para ramificar a entrega na Capital e o governador Silval Barbosa tem essa meta bem clara e definida. Vamos recuperar o tempo perdido reforçando que o gás é uma fonte limpa e barata de energia”.




Fonte: Do DC

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