Única brasileira a conquistar o tricampeonato pan-americano em competições individuais, Lucélia Ribeiro está pronta para continuar fazendo história. Na temporada em que busca acentuar ainda mais a sua hegemonia na maior disputa poliesportiva das Américas, a karateca não deixou suspeitas sobre a sua ótima forma.
Em 2011, foram dois títulos de imponência (Pan-Americano e Sul-Americano) e um vice-campeonato no Aberto dos Estados Unidos. "Voltamos às competições em janeiro visando o Pan. Reuni os técnicos que mais aprecio e iniciei a minha preparação", destaca Lucélia, que antes do Pan peregrina por torneios na Europa - Turquia, Alemanha e Escócia estão no itinerário.
Todo o arranjo pré-Pan foi meticulosamente delineado. Lucélia não abriu mão de enfrentar possíveis oponentes pelo título em Guadalajara - isso inclui americanas, venezuelanas e canadenses, classificadas como "as mais perigosas". Venceu todas.
"Procuro pensar que estou "zerada". O que me motiva não é o que conquistei há quatro anos e sim o que tenho feito. Isso é o bastante para me fazer acreditar".
Talvez essa seja apenas a segunda vez que Lucélia participa de um Pan na prerrogativa de favorita indiscutível. Em Winnipeg 1999, com modestos 21 anos e sem qualquer notoriedade no cenário internacional, bateu todas as suas adversárias e levou o ouro. "Eu era a mais nova, ninguém acreditava em mim", lembra.
Quatro anos depois, em Santo Domingo, um bicampeonato marcado pela superação. Com os ligamentos do joelho rompidos, Lucélia lutou, praticamente, com uma só perna. "Em 2003 foi o mais especial. Em momento nenhum me entreguei. Montei uma estratégia e fui à luta. Levei o ouro mais na experiência do que propriamente com a técnica".
O tri, em 2007, no Rio de Janeiro, veio sem sufoco. Ao subir no posto mais alto do pódio, Lucélia inaugurava um novo panteão no esporte brasileiro. "No Rio eu estava em casa, diante da minha torcida, da minha família".
Tecnicamente, não há uma receita para conservar o monopólio pan-americano por tanto tempo. "Cuido muito do meu físico. Procuro sempre manter uma alimentação correta, balanceada, sem excessos. Minha longevidade se explica na disciplina e concentração nos treinos".
Pelas prévias, fica difícil não especular o quarto ouro em Guadalajara. Lucélia, porém, tem planos contidos para as disputas no México. "Cada competição tem a sua história. Antes de qualquer coisa, preciso bater as minhas sete adversárias, que são fortes", concluiu.
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