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Ciência/Pesquisa
Segunda - 07 de Outubro de 2013 às 23:12

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Cachorros têm sentimentos, defende Gregory Berns, professor de neuroeconomia da Universidade de Emory, nos Estados Unidos. Em artigo publicado no último sábado no jornal “New York Times”, ele afirma: “cachorros são pessoas”. Para chegar a esta conclusão, o pesquisador analisou dezenas de cães num aparelho de ressonância magnética. Os exames foram feitos com os animais completamente acordados, e não anestesiados. Para isto, foi necessário muito treinamento com adestradores, um esforço que permitiu mapear pela primeira vez as reações cerebrais dos cachorros a estímulos.

 

“Usando a ressonância magnética para analisar a estrutura cerebral dos cachorros, não podemos mais esconder a evidência. Cães, e provavelmente muitos outros animais (especialmente os primatas, nossos parentes mais próximos), parecem ter emoções como nós”, defendeu o especialista no artigo, no qual disse esperar que as pessoas deixem de tratar os bichos como se fossem objetos.

Foram pelo menos dois anos treinando cachorros para que os exames pudessem ser realizados. A primeira “voluntária” foi Callie, cadela de Berns. Treinada com a ajuda do adestrador Mark Spivak, e ensinada a entrar numa réplica do aparelho de ressonância magnética que o pesquisador construiu em casa. Ela não apenas aprendeu a ficar parada no local exato como teve que se adaptar aos protetores de ouvido, em razão da audição sensível aos 95 decibéis de ruído que o aparelho de verdade faz.

Depois de meses de treinamento e algumas tentativas num aparelho de ressonância de verdade, os pesquisadores conseguiram produzir os primeiros mapas da atividade cerebral de Callie. Além de medir as respostas do cérebro dela a estímulos, foi possível mapear as partes do cérebro que distinguem aromas familiares e não familiares.

Com o sucesso, novos voluntários aderiram ao trabalho. Em menos de um ano já havia uma dúzia de cães aptos aos exames de ressonância. Todos foram tratados “como pessoas”. Os cientistas enfatizaram que a participação do cão era voluntária e que, a qualquer momento, ele teria o direito de abandonar o estudo. Por fim, o compromisso era de que não haveria nenhuma sedação.

Os estudos, que ainda estão no início, indicam que há semelhanças entre cachorros e pessoas nas estruturas de funcionamento do chamado núcleo caudado, uma região relacionada aos mecanismos de recompensa. Nos cães, a atividade nesta parte do cérebro também ficou ativa quando o dono do animal reapareceu. Isto está sendo interpretado como um indicativo de que os animais amariam seus donos.

“A capacidade de experimentar emoções positivas, como o amor e o apego, significaria que os cães têm um nível de sensibilidade comparável a de uma criança humana. E essa capacidade sugere que devemos repensar a forma como tratamos os cães”, defendeu Berns.

O especialista vem criticando a forma como alguns animais são tratados. E reclama que as leis permitem que eles sejam tratados como coisas que podem ser descartadas, desde que o devido cuidado seja tomado para minimizar o seu sofrimento.

“Suspeito que a sociedade esteja muitos anos longe de considerar os cães como pessoas”, lamentou o cientista.

 

 





Fonte: O Globo

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