Pará concentra maior trecho da BR-163 sem pavimentação (Foto: Leandro J. Nascimento / G1)
No trecho Cuiabá a Santarém são 1.780 quilômetros. As obras ocorrem em maior parcela no estado do Pará, onde a extensão total da BR-163 é de 1.002 mil quilômetros. De acordo com a Superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no Estado do Pará, deste total, 788 quilômetros têm obras executadas por empresas contratadas pelo DNIT e, o restante, é realizado por meio de convênio com o Exército. Dos 788 quilômetros contratados, 210 quilômetros já foram pavimentados. Do trecho executado pelo Exército cerca de 120 quilômetros estão concluídos.
"Com a conclusão vamos baratear os custos com o frete. Pelo nosso cálculo, isso vai viabilizar para o produtor mais R$ 5 a R$ 6 por saca de soja. Precisamos equacionar esse problema de logística no estado", lembrou Edeon Vaz, coordenador do Movimento Pró-Logística, entidade que congrega diferentes representantes do setor produtivo em Mato Grosso.
"Significa muito dinheiro no bolso do produtor e de todos mato-grossenses porque a renda fica no estado e não na estrada, porque é muito longa a distância com os portos do Sul. Imaginamos que teremos uma redução de R$ 100 por tonelada", pontuou Eraí Maggi.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o gasto na hora de transportar grãos até o Porto de Paranaguá está avaliado em média R$ 178 por tonelada partindo de Sorriso, a 420 quilômetros de Cuiabá. O valor não leva em conta as taxas de impostos. Já o custo para quem leva o produto até Santos está avaliado em R$ 155 a cada tonelada, saindo de Canarana.
Para Santarém, de acordo com o segmento, projeta-se uma redução de até 40% no custo do frete. "Você reduziria porque a distância é menor. Se pegarmos Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, seriam pouco mais de mil quilômetros", declarou, ao G1, Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso. Os cálculos da entidade mostram que o percurso entre Sorriso e Santarém está avaliado em 1.345 quilômetros.
"O real benefício seria você ter uma redução de até 40%. Isso é bom porque com renda maior teríamos condições de pagar as dívidas, investindo, calcariando novas áreas e fazendo armazéns, construindo estradas", acrescentou o dirigente.
Glauber diz que o setor está se organizando para utilizar a nova rota como opção. Entre outros atrativos do Porto de Santarém está sua proximidade com Roterdã, na Holanda, principal porta de entrada para os produtos da União Europeia.
Embarque de graõs em Santarém aumentará com término de obras na BR-163 entre Mato Grosso e Pará (Foto: Leandro J. Nascimento / G1)
Influência
Na área de influência da BR-163 a atividade agrícola possui forte tradição, respondendo pela ocupação da maior parte de sua população economicamente ativa, segundo o Plano de Desenvolvimento Regional da rodovia. A área agrícola cobre 3,7 milhões de hectares, sendo que somente em Mato Grosso estão concentrados mais de 80% da área utilizada para esse fim.
Somente no lado de Mato Grosso, a produção de grãos na zona de abrangência da rodovia federal supera 14 milhões de toneladas segundo estudo elaborado pelo Movimento Pró-Logística. Ao todo, 41 municípios estão inseridos nesta região e têm dependência direta ou indireta com a via na hora de retirar a produção com destino aos centros exportadores. Juntos, eles somam uma área de 28.826.100 hectares. Já a área agrícola é de 3.181.656, de acordo com o Movimento.
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