Munidos com equipamentos de última geração, os cineastas da tribo buscam o melhor ângulo, foco e imagem. "Tenho orgulho de ser índio e não deixo minha cultura acabar porque eu já estou aqui formado como cineasta e vou registrar tudo que a gente tem", destacou Jair Kuikuro, da etnia Kuikuro, ao informar que já gravou várias histórias, cantos e mitos sobre a sua comunidade.
Para dividir a experiência e apresentar o trabalho a outras pessoas, parte da tribo foi transformada em um cinema. Em cartaz, estão filmes que retratam os costumes das comunidades. Na avaliação do fotógrafo Mário Vilella ao fazer o registro próprio da cultura é como se os índios tivessem mostrando a alma deles aos outros.
Há aqueles que, mesmo não sendo índios, admiram e até se dispõem a seguir alguns costumes, como é o caso do biólogo Murilo Passareli. Ele convive com a tribo há quatro meses e ao conhecer as tradições decidiu aderir a uma delas. Para anestesiar, é usada uma pasta de pequi e, em seguida, é feito o furo na orelha. "Sempre tive vontade e agora surgiu a oportunidade aí furei", contou.
Quem passa pelo ritual são apenas os garotos da aldeia como forma de anunciar que ele já é adolescente e está pronto para constituir uma família. O representante da etnia Kamaiura, Trauin Kamaiura, lembrou que quando tinha 10 anos teve a orelha furada pelo avô. Depois de um ano de reclusão, foi realizada uma grande festa em comemoração.
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