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Meio Ambiente
Quinta - 25 de Agosto de 2011 às 22:15

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Divulgação / WWF-Brasil

Um novo horizonte se abriu para os estudos de primatas na Amazônia Meridional. Uma nova espécie de primata foi encontrada na Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, no noroeste do Mato Grosso e está sendo submetida a estudos que visam detalhar seu caráter inédito para os mastozólogos e primatólogos do mundo todo. O tombamento foi realizado em maio na coleção científica de mamíferos do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA).

O espécime, pertencente ao gênero Callicebus, conhecido como zogue-zogue, foi coletado durante a Expedição Guariba-Roosevelt, realizada em dezembro de 2010 pelo WWF-Brasil em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso (Sema) e a Mapsmut. Na ocasião, 9 pesquisadores visitaram quatro unidades de conservação do estado do Mato Grosso para colher subsídios para a redação dos planos de manejo dessas áreas protegidas. O trabalho durou vinte dias e terá seu resultado consolidado ainda este ano, com a publicação oficial dos planos de manejo.

O primata foi encontrado entre os rios Guariba e Roosevelt, dois dos mais importantes cursos d’água do noroeste mato-grossense. O pesquisador responsável pela descoberta, o biólogo Júlio Dalponte, esclareceu que o pequeno primata apresenta características de coloração diferentes das outras espécies de zogue-zogue conhecidas na região. “Este primata tem detalhes na cauda e na cabeça que não foram vistos até agora em outros zogue-zogues originários desta área”, contou.

Júlio explicou que o registro e depósito (tombamento) do animal significa, na prática, sua incorporação à uma coleção cientifica brasileira, no caso, a do Goeldi. “Este é mais um passo neste trabalho de descobrir e catalogar uma nova espécie. Ainda faremos sua descrição e a publicação de estudos mais detalhados sobre ela, mas não há dúvida de que seja uma nova espécie”, contou.

A descrição da espécie, com os estudos sobre suas características físicas e biológicas, deve levar cerca de seis meses para ser concluída. A publicação da descoberta em periódicos especializados pode levar até um ano entre a submissão do trabalho e a aprovação por parte dos comitês editoriais de revistas científicas.

Assim que chegou ao Goeldi, o primata foi classificado seguindo normas internacionais de taxonomia. Os dados biométricos do animal como peso, cor do pelo e comprimento de cauda foram registrados, assim como outras informações sobre sua ocorrência e sobre a coleta – como o pesquisador coletor, o habitat e período da coleta. Amostras de pelos e músculos foram retirados para análises moleculares e todas essas informações serão disponibilizadas futuramente em fichas informatizadas, passíveis de ser consultadas por outros pesquisadores.

“Ao tombar este animal numa coleção idônea, como é o caso do Museu Goeldi, damos um passo importante no sentido de conhecer a fauna do noroeste do Mato Grosso, que ainda hoje é um enorme quebra-cabeças com várias peças ausentes”, explicou Dalponte.

Segundo o coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil, Mauro Armelin, a descoberta de uma nova espécie de mamífero coloca em evidência a importância das unidades de conservação para a proteção das espécies da flora e fauna e também para a pesquisa científica. “O Brasil é uma país megadiverso e é fundamental a conservação dos ecossistemas e das espécies. Precisamos conhecer mais essa riqueza e promover o uso sustentável dos recursos naturais”, afirmou Armelin.

Lançado em 2010 pela Rede WWF, o relatório Amazônia Viva: uma década de descobertas 1999-2009 mostrou que mais de 1.200 novas espécies de plantas e de animais vertebrados foram descobertas na Amazônia entre 1999 e 2009.  Isso significa uma nova espécie a cada três dias. “Ainda há muito o que descobrir”, comentou o engenheiro florestal.

“A perda de habitats naturais continua sendo uma grande ameaça para a biodiversidade brasileira. Por isso, é muito importante a criação e implementação de unidades de conservação com a coleta de informações e elaboração dos planos de manejo. A realização da Expedição Científica Guariba-Roosevelt é uma forma de apoiar a secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso a conservar a riqueza natural do estado”, explicou Armelin.






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