Animais de grande porte têm risco elevado de extinção por ocorrer em densidades mais baixas, ter um ritmo reprodutivo mais lento e mais probabilidade de ser vulneráveis à caça.
Agricultura e caça podem extinguir mamíferos de grande porte
Pelo menos vinte por cento de todos os mamíferos conhecidos estão perto da extinção. As espécies de animais de grande porte estão em maior risco, de acordo com uma recente avaliação do estado de conservação de 5.487 mamíferos.
A agricultura em expansão e a caça são os primeiros “culpados” pela extinção, de acordo com as descobertas publicadas na revista científica internacional Philosophical Transactions of the Royal Society B. Isso significa que os seres humanos estão causando o período mais severo de extinção dos mamíferos da história.
“O exemplo que muitas vezes dou é sobre o ‘demônio da Tasmânia’, familiar a muitos pelos desenhos animados. É um exemplo de como uma espécie que é comum, ou pelo menos não é incomum, pode de repente, através do aparecimento de uma nova ameaça, mergulhar em um forte declínio", disse Michael Hoffmann, pesquisador da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), ao Discovery News, explicando que um câncer relativamente novo está acabando com este mamífero.
Hoffmann e sua equipe analisaram dados coletados pelo Índice da Lista Vermelha do IUCN. Ela abrangeu o período de 1996, quando todas as espécies foram avaliadas completamente pela primeira vez, até 2008, quando foram reavaliadas.
Os investigadores documentaram alterações no risco de extinção, onde as espécies estão se movendo mais rapidamente em direção à população zero. Numerosos mamíferos estão em declínio, porém este estudo destaca apenas os casos mais graves. Muitos são animais de grande porte, tais como rinocerontes, antas, elefantes, peixes-boi e dugongos. Duas espécies de antílopes em regiões desérticas do norte da África estão em estado de conservação terrível: o Gazelle dama e a Addax. Apenas algumas centenas de cada antílope sobraram, devido à caça sem interrupções.
“Animais de grande porte têm sido frequentemente ligados a riscos elevados de extinção em mamíferos, porque entre outras razões, estes animais tendem a ocorrer em densidades mais baixas, têm um ritmo reprodutivo mais lento e têm mais probabilidade de ser vulneráveis à caça", explicou o pesquisador.
Os morcegos em geral estão em apuros. A doença mortal conhecida como “Síndrome do Nariz Branco”, que só foi registrada pela primeira vez em 2006, matou inúmeros morcegos no leste dos EUA.
Apesar da má notícia, durante o período da realização do estudo, os esforços de conservação resultaram em um aumento da população de 24 espécies de mamíferos.
As duas grandes histórias de sucesso que Hoffmann lembra são: do “furão de patas negras” (EUA e Canadá) e do cavalo de Przewalski (Mongólia), ambos eram considerados "extintos na natureza" até poucas décadas atrás. "Agora, em grande parte através de reprodução em cativeiro e dos esforços de reintrodução, eles têm visto grandes recuperações em suas populações." Ele acrescenta também outro exemplo notável de recuperação: o mico-leão-dourado, do Brasil. Seus números também dobraram devido aos esforços de reintrodução.
Brett Scheffers, pesquisador do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Nacional de Cingapura, liderou outro estudo sobre mamíferos, assim como aves e anfíbios. Sua equipe determinou que, nos últimos 122 anos, pelo menos 351 espécies que se pensava ter sido extintas foram redescobertas.
"Em suma, há esperança, mas precisamos intensificar os esforços de conservação rápidamente" disse Scheffers, que concorda que o que precisamos é aumentar os estímulos e trabalhar de forma mais estratégica, coordenada e mais esperta do que temos até agora.
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