Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Terça - 09 de Agosto de 2011 às 07:38

    Imprimir


Flávio Neves / Agencia RBS
Pedra de cerca de 200 quilos tem inscrições em latim em baixo relevo, citando o Rei Felipe II
Pedra de cerca de 200 quilos tem inscrições em latim em baixo relevo, citando o Rei Felipe II

 

Não é caça ao tesouro, mas os pesquisadores envolvidos na retirada, nesta segunda-feira, de mais três peças de uma embarcação espanhola do século XVI, não negam a importância do resgate.

— Não há registros de um naufrágio tão antigo pesquisado nas Américas — explica o coordenador e pesquisador do Projeto Barra Sul, responsável pela operação, Bruno Germer.

A equipe, com estudiosos e integrantes da Marinha, retirou uma pedra de cerca de 200 quilos, com inscrições em latim em baixo relevo, citando o Rei Felipe II, e dois ornamentos em formato esférico.

Naufrágio em SC

Os registros históricos apontam que as peças de marcação de território que iriam para uma fortaleza no Estreito de Magalhães, no Chile, foram parar no fundo do mar depois do naufrágio perto da Ilha de Santa Catarina, em 1583.

Não se sabe ainda quantos eram os tripulantes, mas, segundo os pesquisadores, ninguém morreu. Os ocupantes, na maioria engenheiros e construtores, foram remanejados para as 13 embarcações que conseguiram parar nas terras catarinenses. A esquadra — chamada de Expedição Estreito de Magalhães — deixou a Península Ibérica com 23 naus.

Pelo local estratégico e pelos índios da região serem pacíficos, era comum as embarcações atracarem em Santa Catarina antes de seguir viagem. Mas as condições do tempo, a geografia acidentada — com bancos de areia — e as dificuldades de navegação levaram a muitos naufrágios. Só no século XVI, foram 10 naufrágios oficiais.

Um canhão de mais de duas toneladas é a próxima peça da embarcação — descoberta pelos estudiosos em 2009 — da expedição Estreito de Magalhães, a ser retirada no verão. A antropóloga Deisi Eloy de Farias explica que cada resgate exige cautela.

— Tem muito material e cada um dá uma leitura diferente do que acontece — destaca.

As peças devem ser enviadas para dessalinização e higienização no laboratório da Unisul. A expectativa é que o material possa ser exposto em museu. As buscas do Projeto Barra Sul se concentram nas imediações das praias de Naufragados, Ponta do Papagaio, Sonho e Pântano do Sul.

As pesquisas já receberam o financiamento de cerca de R$ 1 milhão da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina.






Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/80573/visualizar/