A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT), comentou nesta segunda-feira as denúncias envolvendo o Ministério do Transportes e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Em coletiva realizada em Florianópolis, ela destacou que "todo mundo é inocente até que se prove o contrário", mas não afastou a possibilidade de novos afastamentos no governo federal.
Ideli afirmou que o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, somente não foi afastado das funções por estar em férias. A tendência, segundo ela, é que o afastamento ocorra tão logo ele retorne ao cargo. "A presidenta Dilma Roussef vem adotando como providência o afastamento dos servidores suspeitos de cometer irregularidades", disse. "Pagot está em férias e por essa questão ainda não foi afastado".
Em coletiva na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, Ideli ainda destacou que as denúncias apresentadas sobre o uso de documentos falsos e empresas de fachada para realização de contratos junto ao Dnit, serão apuradas. "Não saberia dizer detalhadamente ainda sobre essas denúncias veiculadas na imprensa", disse. "Felizmente todo mudo é inocente até que se prove o contrário. Mas a postura da presidenta e clara e a tendência é o afastamento dos envolvidos nas supostas irregularidades", afirmou.
A ministra evitou tecer maiores comentários sobre a postura do PMDB diante da crise política envolvendo o Ministério dos Transportes. Para Ideli, os peemedebistas estariam fazendo o seu papel nas votações do Congresso. "Prefiro não comentar assuntos do PMDB. Meu contato com eles tem sido para acertar as votações e isso vem sendo satisfatório", afirmou.
Crise Econômica
Ideli ainda falou sobre realizações do governo e da crise econômica na Europa e Estados Unidos. Segundo a ministra, a situação "assusta" a presidência. "É uma crise muito forte e a nossa equipe econômica está em vigília constante", disse. "Estamos preparados para enfrentar isso, mas não podemos ser levianos em dizer que a crise não nos preocupa".
A queda do ministro dos Transportes
Uma reportagem da revista Veja do início de julho afirmou que integrantes do Partido da República teriam montado um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por meio de empreiteiras dentro do Ministério dos Transportes. O negócio renderia à sigla até 5% do valor dos contratos firmados pelo ministério sob a gestão da Valec (estatal do setor ferroviário) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
O esquema seria comandado pelo secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto. Mesmo sem cargo na estrutura federal, ele lideraria reuniões com empreiteiros e consultorias que participavam de licitações do governo no ramo. Pelo menos dois assessores diretos do então ministro, Alfredo Nascimento (PR), foram afastados dos cargos. Também deixaram suas funções o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, e o diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves.
O PR emitiu nota negando a participação no suposto esquema e prometendo ingressar com uma medida judicial contra a revista. Nascimento, que também negou as denúncias de conivência com as irregularidades, abriu uma sindicância interna no ministério e pediu que a Controladoria-Geral da República (CGU) fizesse uma auditoria nos contratos em questão. Assim, a CGU iniciou "um trabalho de análise aprofundada e específica em todas as licitações, contratos e execução de obras que deram origem às denúncias".
Apesar do apoio inicial da presidente Dilma Rousseff, que lhe garantiu o cargo desde que ele desse explicações, a pressão sobre Nascimento aumentou após novas denúncias: o Ministério Público investigava o crescimento patrimonial de 86.500% em seis anos do filho do ministro, Gustavo. Diante de mais acusações e da ameaça de instalação de uma CPI, o ministro não resistiu e encaminhou, no dia 6 de julho, seu pedido de demissão à presidente.
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