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Politica Brasil
Segunda - 11 de Julho de 2011 às 17:44

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Depoimento de Pagot ao Senado deixou o governo federal em alerta por conta de declarações
Depoimento de Pagot ao Senado deixou o governo federal em alerta por conta de declarações

Preocupados com o que o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luís Antônio Pagot - afastado do cargo desde o dia 2 de julho - tem a dizer ao Senado, petistas trabalham nesta segunda-feira em uma manobra para adiar as explicações dele sobre o esquema de corrupção operado no Ministério dos Transportes.

Pagot tem agendada uma visita à Casa nesta terça-feira. Desde a explosão do escândalo, revelado por VEJA, o diretor do Dnit tem se portado de maneira preocupante para o governo. Ele teria dito a representantes do PR que só "recebia ordens" quando estava à frente do cargo - e que petistas teriam solicitado o superfaturamentos de obras sob responsabilidade do Ministério dos Transportes.

Segundo Pagot, parte dos recursos desviados teria sido encaminhada ao caixa de campanha da então presidenciável Dilma Rousseff. O diretor afastado também teria citado o nome do ex-ministro do Planejamento e atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, como um dos negociadores para que as obras tivessem o orçamento acima do valor de mercado. As insinuações de Pagot assustaram os petistas, que admitem ter falhado no momento em que a presidente da Comissão de Serviços e Infraestrutura, Lucia Vânia (PSDB-GO), conseguiu marcar o depoimento dois dias antes do inicialmente previsto, na quinta-feira. "Comemos mosca", diz um senador.

A maior preocupação do PT é que as especulações de que Pagot será um "homem-bomba" se concretizem, a exemplo de Roberto Jefferson no caso do mensalão, em 2005. Alguns petistas também admitem que precisam combinar estratégias com o PR antes das declarações de Pagot ao Congresso. Eles querem conversar principalmente com o senador Blairo Maggi (PR-MT), amigo pessoal e responsável pela indicação do diretor ao cargo. Os governistas avaliam ainda que quinta-feira é o dia ideal para os esclarecimentos de Pagot, já que será véspera do recesso parlamentar e o Congresso estará esvaziado.

O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), nega que o partido irá combinar com Pagot o que ele deve falar na comissão. "Não vamos sentar para combinar nada com o Pagot", disse. Ele afirmou, por outro lado, que não pode dizer o mesmo em relação a Maggi, que provavelmente auxiliará o amigo no caso.

Governo - A ministra de Relações Instituciais, Ideli Salvatti, negou que o governo esteja preocupado com as declarações do diretor afastado. "O [governo] tem medo do quê? O Pagot cumpria suas responsabilidades, irá falar conforme sua consciência, portanto da nossa parte não há qualquer tipo de preocupação".

Ideli negou ainda qualquer relação do ministro Paulo Bernardo no caso. "O Planejamento define as grandes diretrizes de orçamento e nunca entra no detalhe do que cada ministério vai executar em termos de obras. Isso é de responsabilidade de cada um dos ministérios".

Expectativas - O líder do PSB no Senado, Antonio Carlos Valadares (SE), disse não acreditar nas ameaças de Pagot, mas afirmou que defenderá o Planalto caso o diretor afastado decida culpar petistas pela corrupção na pasta. "O governo não pode ficar com medo. O governo não tem o que esconder. Se ele tentar ameaçar, estarei lá para isso, como líder do partido, e também aliado da presidente".

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR), também afirmou não acreditar em declarações bombásticas por parte de Pagot. Mas disse que a oposição fará o seu papel. "Ele vai ter que esclarecer suas insinuações. Vamos ver o que conseguimos tirar dele sobre o modelo de corrupção adotado no Dnit".

O depoimento de Pagot foi marcado em audiência conjunta da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) e de Meio Ambiente. O senador Blairo Maggi é vice-presidente da CI. Outro depoimento de Pagot está previsto para quarta-feira na Câmara dos Deputados. O diretor deve prestar os esclarecimentos mesmo estando de férias. Segundo a Presidência, ele será demitido assim que suas férias terminarem. "Ninguém pode ser exonerado enquanto não termina suas férias", justificou Ideli.

Ministério - Os senadores do PR pretendem marcar uma reunião ainda esta semana com a presidente Dilma sobre a indicação para o Ministério dos Transportes. O cargo ficou vago com a demissão de Alfredo Nascimento na quarta-feira passada, após as revelações de VEJA. O então secretário-executivo, Paulo Sérgio Passos, assumiu a pasta interinamente.

Portela negou que o partido abrirá mão da pasta depois que Maggi rejeitou a vaga, alegando "impedimentos legais". "Temos mais de dez nomes. Eu, Magno Malta e Blairo Maggi devemos nos reunir nesta terça-feira para decidir qual deles indicar", afirmou Portela. O deputado disse que nem Nascimento, nem o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) participarão da decisão.

A ministra Ideli disse que a presidente ainda não decidiu o nome que substituirá Nascimento. "Estamos aguardando, temos investigações sobre o Ministério dos Transportes em andamento e Dilma deverá tomar nos próximos dias uma decisão. É uma decisão única e exclusivamente da presidente, ela não antecipou sobre a deliberação".





Fonte: VEJA.COM

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