PSOL acusa quebra de decoro
O PSOL pediu ao Conselho de Ética do Senado que abra um processo disciplinar contra o ex-ministro dos Transportes, senador Alfredo Nascimento (PR-AM), por suspeita de quebra de decoro. O PSOL acusa o ministro e seus assessores de suposto envolvimento em "práticas criminosas" como improbidade administrativa, formação de quadrilha e fraude à licitação.
A senadora Marinor Brito (PSOL-PA) afirma que a intenção da iniciativa é "defender o interesse público" e ressaltar que "se Nascimento não serve para ser ministro, tampouco serve para ser senador". Eleito em 2006, Alfredo Nascimento reassumiu automaticamente o mandato no momento que foi exonerado da pasta. "Ele não serve para ser o fiscalizador dos atos do Executivo, portanto nós não aceitamos que uma pessoa com esse curriculum, com todas essas acusações, com as denúncias existentes contra ele, assuma uma vaga no Senado", alegou Marinor.
No entender do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), as denúncias existentes contra Nascimento "são gravíssimas". "A sociedade brasileira necessidade de respostas convincentes por parte do ministro", defendeu. "Ele não deixou de ser senador, mesmo na conduta de atos como ministros de Estados. Esperamos, portanto, que o Conselho de Ética cumpra a missão de fiscalizar o decoro parlamentar", defendeu.
A julgar pelo que disse Marinor Brito, o conselho do Senado vai se eximir mais uma vez. Ela revelou que na última quarta-feira, durante a sessão plenária, o presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), lhe sugeriu que não representasse contra o ministro. A senadora disse que João Alberto chegou a tentar chantageá-la, dizendo que ela também era alvo de uma representação no conselho, de iniciativa do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), e que a tendência do órgão era a de aceitar o pedido. "Não foi uma ameaça, foi uma tentativa de constrangimento e intimidação", avalia.
A senadora disse, ainda, ter ouvido dele a sugestão para que indicasse "alguém próximo" para relatar o processo contra ela. "Eu disse que não tenho nenhum próximo aqui (Senado) e se tivermos de denunciar quem quer que seja, vamos fazê-lo", disse Marinor.
Ligado ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), João Alberto é conhecido por ter arquivado todas as representações apresentadas na suas três gestões como presidente do colegiado. Ele negou a informação da senadora. "Isso não aconteceu, estou surpreendido, sempre procurei a isenção, não estou nem sabendo se vai ter representação contra o ministro", alegou.
Na representação, o PSOL pede que sejam ouvidos o agora ministro interino dos Transportes, Paulo Passos (que era secretário executivo durante a gestão de Nascimento), e os quatro integrantes da cúpula afastados.
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