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Internacional
Sexta - 10 de Junho de 2011 às 16:02

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Com cartazes que levavam frases como "Cesare Battisti é somente um assassino", "Vergonha" e "A Itália quer justiça", um grupo de manifestantes italianos se reuniu nesta sexta-feira diante da embaixada do Brasil em Roma para protestar contra a libertação do ex-ativista Cesare Battisti. As informações são da Agência Ansa.

A manifestação foi organizada pelo movimento de centro-direita Jovem Itália e contou com a participação da ministra italiana da Juventude, Giorgia Meloni. "Dezenas e dezenas de cidadãos brasileiros escreveram em nossas páginas no Facebook para expressar indignação pela decisão do governo", disse Giorgia.

A ministra pediu para que estes brasileiros se organizem "e façam ouvir suas indignações, dando-se as mãos". "A nossa batalha não é contra o povo brasileiro. É uma batalha de justiça entre algumas instituições do governo de Brasília que não estão reconhecendo os tratados bilaterais de amizade", afirmou Giorgia.

O conselheiro regional da legenda governista Povo da Liberdade (PDL), Carlo De Romanis, estava com os manifestantes. Ele apresentou uma moção que pede para a Junta Regional promover todas as ações ao seu alcance para "sensibilizar o governo brasileiro". O texto será analisado pelas autoridades locais nos próximos dias.

O protesto também contou com a presença de brasileiros que vivem na Itália. Um deles chegou a dizer que "nenhum brasileiro está de acordo com a decisão do Supremo Tribunal Federal".

Caso Battisti
Ex-integrante da organização de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), Cesare Battisti foi condenado pela Justiça italiana à prisão perpétua por quatro assassinatos, ocorridos no final da década de 1970. O italiano nega as acusações. Depois de preso, Battisti, considerado um terrorista pelo governo da Itália, fugiu e se refugiou na América Latina e na França, onde viveu exilado por mais de 10 anos, sob proteção de uma decisão do governo de François Miterrand. Quando o benefício foi cassado pelo então presidente Jacques Chirac, que determinou a extradição de Battisti à Itália, o ex-ativista fugiu para o Brasil em 2004. Encontrado, ele está preso no País desde 2007.

O então ministro da Justiça, Tarso Genro, sob o argumento de "fundado temor de perseguição", garantiu ao italiano o status de refugiado político, o que em tese poderia barrar o processo de extradição que o governo da Itália havia encaminhado à Suprema Corte brasileira. Ainda assim, o caso foi a julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) no final de 2009, quando os magistrados decidiram que o italiano deveria ser enviado a seu país de origem, mas teria de cumprir pena máxima de 30 anos de reclusão, e não prisão perpétua como definido pelo governo da Itália. Na mesma decisão, no entanto, os ministros definiram que cabe ao presidente da República a decisão final de extraditar ou confirmar o refúgio a Battisti.

No dia 31 de dezembro de 2010, último dia de seu governo, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu não extraditar Battisti à Itália, com base em parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que levantava suspeitas de que a ida do ex-ativista a seu país de origem poderia colocar em risco a sua vida. Segundo o documento, a repercussão do caso e o clamor popular tornariam o futuro de Battisti "incerto e de muita dificuldade" na Itália.

Três dias depois da decisão de Lula, a defesa de Battisti entrou com um pedido de soltura no STF, mas o governo italiano pediu ao Supremo o indeferimento da petição alegando "absoluta falta de apoio legal". Na ocasião, o presidente do STF, Cezar Peluso, negou a libertação imediata e determinou que os autos fossem encaminhados ao relator do caso, ministro Gilmar Mendes. No dia 3 de fevereiro, o governo italiano encaminhou STF um pedido de anulação da decisão de Lula, acusando-o de não cumprir os tratados bilaterais entre os dois países.

Os recursos foram julgados no dia 8 de junho de 2011. Primeiro, O plenário decidiu que o governo da Itália não tinha legitimidade para contestar a decisão de Lula. Em seguida, o STF determinou a liberdade imediata do italiano por entender que não cabe ao Supremo contestar a decisão "soberana" de um presidente da República. Com o fim da sessão, o alvará de soltura de Battisti foi encaminhado para a penitenciária da Papuda, em Brasília, de onde ele saiu nos primeiros minutos do dia 9 de junho, após quatro anos preso.





Fonte: Terra

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