Governadores petistas reunidos nesta segunda-feira com o presidente do partido, Rui Falcão, em Brasília, seguiram a linha adotada pelo governo federal de blindagem ao ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Todos descartaram a necessidade de Palocci prestar esclarecimentos no Congresso Nacional sobre o crescimento de seu patrimônio. O jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem no último dia 15 afirmando que o ministro aumentou seu patrimônio em 20 vezes num período de quatro anos.
O governador da Bahia, Jaques Wagner, disse que instrumentos como as comissões parlamentares de inquérito ou convocações de ministros não devem ser "banalizados" pelo Congresso. A declaração foi dada no momento em que a oposição tenta colher assinaturas para instalação de uma CPI para apurar as denúncias. Tarefa que deverá ser complicada, uma vez que a oposição é minoria na Casa.
"A CPI talvez seja um dos instrumentos mais fortes que o Legislativo tem para fiscalizar o Executivo. Mas nesse caso, não tem nenhum envolvimento de verba pública. É uma empresa pessoal", disse Wagner. "O Congresso é uma Casa muito mais política do que um local de investigação de denúncia."
O argumento foi o mesmo usado pelo governador de Sergipe, Marcelo Déda, também presente à reunião. "A ida do ministro ao Congresso é muito menos uma questão de mérito do que de política. Convocar um ministro para explicar seu imposto de renda é uma prática da oposição, é normal. Avaliar se isso contribui ou não para esclarecer quem tem que avaliar é o governo e o ministro."
O presidente do PT limitou-se a dizer que "a questão vem sendo conduzida corretamente pelo governo". Integrantes do governo têm considerado o caso envolvendo o ministro Palocci como "encerrado" e o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), referiu-se ao episódio, na última semana, como "página virada".
Apesar da tentativa de esfriar o assunto, a oposição tem disposição contrária. Requerimentos de convocação do ministro para falar sobre o assunto devem ser discutidos em várias comissões, na Câmara e também no Senado Federal. Na última semana, tentativas de aprovar esses requerimentos foram frustradas pela maioria governista na Câmara. Os opositores prometeram voltar à carga.
"A luta política não vai se encerrar nunca. A oposição vai ficar batendo nessa mesma tecla", disse Wagner, apostando que o debate enfraquecerá por sua inconsistência. Ele lembrou que as explicações já serão dadas por Palocci ao Ministério Público Federal, que as solicitou na última sexta-feira. O prazo para que o ministro encaminhe as informações é de 15 dias.
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