Oposição vai pedir CPI para investigar evolução financeira de Palocci
A oposição decidiu pedir a abertura de CPI mista (Câmara e Senado) no Congresso para investigar a evolução de patrimônio do ministro Antônio Palocci (Casa Civil) nos últimos quatro anos.
Depois que a Folha revelou na edição desta sexta-feira que a empresa do ministro, a Projeto, faturou R$ 20 bilhões em 2010, ano eleitoral, PSDB e DEM decidiram colher assinaturas para tentar instalar a CPI no Congresso.
Paralelamente à CPI mista, o PPS vai colher assinaturas para instalar uma comissão exclusivamente na Câmara --onde acredita ter mais chances de emplacar a sua criação.
Para que a CPI mista seja instalada, os oposicionistas precisam do apoio de 27 senadores e 171 deputados --que devem assinar o requerimento para a sua criação.
O número de adesões é o mesmo, na Câmara, para que a CPI exclusiva da Casa saia do papel.
No Senado, a oposição conta atualmente com 19 parlamentares (incluindo dois do PSOL).
Mas espera a adesão de dissidentes da base governista, especialmente do PMDB --cuja bancada de insatisfeitos na Casa vem aumentando nos últimos dias.
"Há gente constrangida dentro do governo, o que pode ajudar na investigação. Acreditamos em defecções dentro da base governista", disse o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO).
Para o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), a "máquina de blindagem" do governo não vai impedir as investigações do Legislativo. "Temos que fazer tentativas de investigar. Também é uma forma de pressão para que o governo tome providências."
Os líderes do PSDB na Câmara e no Senado conversaram nesta sexta-feira com o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), quando foi definida a estratégia para o início da coleta de assinaturas pró-CPI mista.
Na Câmara, o líder do DEM, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), afirmou que as novas denúncias complicam a situação do ministro. "As suspeitas deixam de ser apenas em torno das ações privadas do ministro e agora começam a ter uma conexão com o contexto eleitoral."
A oposição também promete encaminhar um adendo à representação protocolada na Procuradoria Geral da República, esta semana, para informar o órgão sobre as novas denúncias contra Palocci. "Agora apareceu o cliente da época em que ele tinha a empresa de consultoria. O procurador tem elementos para determinar a instauração de inquérito civil público", afirmou Demóstenes.
DENÚNCIAS
A empresa de consultoria do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, faturou R$ 20 milhões no ano passado, quando ele era deputado federal e atuou como principal coordenador da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República.
Segundo duas pessoas que examinaram números da empresa e foram ouvidas pela Folha, o desempenho do ano passado representou um salto significativo para a consultoria, que faturou pouco mais de R$ 160 mil no ano de sua fundação, 2006. O jornal também revela que uma das empresas clientes da Projeta era a WTorre, empreiteira que fez doações às campanhas do ministro e à de Dilma.
A Folha revelou no último domingo (15) que o ministro multiplicou por 20 seu patrimônio entre 2006 e 2010. No período, ele adquiriu dois imóveis pela Projeto --um apartamento de luxo em São Paulo no valor de R$ 6,6 milhões e um escritório na mesma cidade por R$ 882 mil.
Em nota, a empresa diz que o crescimento de contratos em 2010 foi "natural".
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