O racha dentro do PSDB, maior partido de oposição ao governo federal do País, é notado até nos discursos de suas duas maiores lideranças na convenção estadual que escolherá o presidente do diretório. Enquanto José Serra preferiu admitir a crise, inclusive "em nível federal", cobrando unidade, Geraldo Alckmin preferiu dizer que "há fragmentações", mas que culpá-lo por isso é "maquiavelismo". Sem citar nomes, o governador de São Paulo alfinetou o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, dizendo que a "proliferação de partidos" e a "proximidade com as benesses dos governos" é prejudicial.
"Existe uma crise no PSDB, por que negar? Mas o que querem de nós, até o eleitor do PT, é que saibamos fazer oposição. O problema não é divisão no partido, mas honrar os votos que recebemos. O maior risco que as oposições correm é perder tempo com disputas fantasmas. Cadê o PSDB, como um todo, defendendo suas ideias?", disse o candidato derrotado à presidência da República no plenário da Assembleia Legislativa. Ele ainda completou dizendo que as fofocas desanimam a militância. "A lógica do fuxico, das intrigas, desanimam quem votou em nós, enfraquecem o ideal", declarou.
Alckmin chamou as divisões dentro do partido de "fragmentações", desmentindo o colega. "Não há crise no PSDB, o que existe é o PSDB resistindo. Eu sinto é ânimo do PSDB!", disse. O governador de São Paulo aproveitou para dizer que é "inacreditável" responsabilizá-lo pelo mal estar entre seus apoiadores e os de Serra. "É inacreditável, é maquiavelismo de quem quer abalar as oposições", disse, para logo em seguida criticar veladamente um aliado de Serra, Kassab. "De Gaulle dizia que a França era difícil de governar pela quantidade de partidos que era tão grande quanto a quantidade de queijos", disse.
O ponto em que os dois foram convergentes foi quanto à necessidade de manter o ideal da sigla e de defender o voto distrital. "Que a bancada federal assuma como bandeira sua o voto distrital", disse Serra. "Vamos inocular dentro da sociedade o vírus da distritalidade, que aproxima a população dos eleitos", disse Alckmin. Os dois caciques trocaram afagos no palanque. "Só quero que o governo do Alckmin dê certo, não porque eu goste do Geraldo, e eu gosto dele, mas por São Paulo", afirmou. Alckmin instou o partido a combater as fofocas. "Falou mal do Serra, falou mal de mim", disse.
Apesar das divisões, a militância tentou dar um clima de festa à convenção. Questionado sobre o teor dos discursos, o deputado estadual mais votado do Estado, Bruno Covas, negou que os discursos exponham o racha. "Os dois discursos foram para cima", disse
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