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Internacional
Sábado - 30 de Abril de 2011 às 16:35

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O governo da Síria enviou mais tanques para Deraa neste sábado e moradores relatam terem ouvido muitos tiros na cidade epicentro dos protestos de oposição ao ditador Bashar al-Assad. Testemunhas afirmam que as forças de Assad chegaram a cercar uma mesquita, matando ao menos quatro.

As tropas e tanques sírios invadiram Deraa na última segunda-feira (25) para reprimir protestos pró-democracia contra Assad, que se espalharam pelo país, significando um grande desafio ao seu regime e pedindo que as potências ocidentais imponham sanções.

Deraa, uma cidade do sul com 120 mil habitantes, é o berço de uma revolta que dura seis semanas e que começou com pedidos de mais liberdade e o fim da corrupção. A revolta transformou em um movimento para derrubar Assad, o que gerou uma violenta repressão pelas autoridades.

Moradores afirmaram que poderiam ouvir um intenso tiroteio, principalmente na região antiga de Deraa, que está próxima a uma colina próxima da fronteira com a Jordânia e é uma área predominantemente residencial.

"Desde a madrugada, temos ouvido uma pesada troca de tiros que podem ser ouvidos por toda a cidade e você não sabe o que está acontecendo", disse Abu Tareq, uma morador, à Reuters por telefone.

"Eu vi mais de 15 tanques que entraram pela estrada de Damasco na direção da Cidade Velha."

Não ficou claro se os tanques e veículos blindados estavam bombardeando a cidade e os terrenos agrícolas mais próximos da fronteira.

MESQUITA

Outro morador, Abu Ahmad, disse à agência de notícias Reuters que escutou tanques invadindo áreas da cidade velha, onde a mesquita Omari, um importante local de protestos e controlada por moradores, está localizada.

Outro morador, Abdullah Abazeid, contou à agência de notícias Associated Press que a mesquita foi atacada por cerca de 90 minutos, durante os quais as tropas usaram tanques e metralhadoras contra os moradores.

Três helicópteros também participaram da operação das forças do governo, trazendo mais militares para a região, disse Abazeid.

Abazeid disse ainda que o ataque deixou ao menos quatro mortos, entre eles Osama Ahmad, filho do imame da mesquita, xeque Ahmad Sayasna. As outras três vítimas são uma mulher e suas duas filhas, mortas quando artilharia de tanque atingiu sua casa, localizada perto da mesquita.

VÍTIMAS

O chefe do Observatório de Direitos Humanos da Síria, Rami Abdul-Rahman, disse que 65 pessoas foram mortas somente na sexta-feira, incluindo 36 vítimas em Deraa, 27 na região central de Homs, um em Latakia e outro em Damasco. Desde que a revolta começou, o número de mortos na Síria já soma 535.

Nesta sexta-feira, diante da escalada da violência, o organismo máximo de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a Síria na sexta-feira pelo uso da força letal contra manifestantes pacíficos e lançou uma investigação sobre assassinatos e outros crimes.

O fórum de 47 membros, que realizou uma sessão de emergência a pedido dos Estados Unidos, aprovou a resolução apresentada pelos norte-americanos por 26 votos a favor, 9 contra e 7 abstenções. O Brasil votou a favor da resolução.

"Os Estados membros se uniram para condenar o uso de táticas brutais utilizadas pelo regime de Assad para silenciar a dissidência pacífica", disse em comunicado a embaixadora de direitos humanos dos EUA, Eileen Donahoe.

A urgência para realização da sessão especial foi "evidenciada pelos relatos preocupantes de hoje de que o regime continua a repressão violenta em várias cidades da Síria.






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