Clínica responde mais de 10 processos por danos morais
Com mais de 10 processos por danos morais, a Centro Odontológico do Povo atende diariamente no Centro de Cuiabá e devido ao preço acessível dos tratamentos recebe uma demanda intensa de pacientes. O problema é que a insatisfação é imensa, muitas pessoas tiveram muitos transtornos, que vão desde mau atendimento a contratempos nos procedimentos. Alguns chegaram a perder dente devido ao tratamento de má qualidade oferecido pelo consultório.
A clínica já foi condenada pelo Conselho de Ética do Conselho Regional de Odontologia a censura pública e ainda com pena pecuniária fixada a 20 vezes o valor da anuidade. A punição ocorreu devido ao fato de uma das dentistas não estar devidamente regularizada junto ao conselho. Além disso, uma paciente denunciou o fato de ter pagado uma obturação e um bloco, porém acabou tendo uma fratura porque a profissional não protegeu o dentre com a prótese provisória.
A paciente N.B.I. obteve a condenação junto ao CRO em 2009 e o presidente da clínica, Fernando Helou da Costa, informou ao Olhar Direto que está recorrendo da decisão. N.B. perdeu o dente que estava tratando, pois necessitava da prótese, procedimento que não foi realizado pela dentista, que se omitiu ao fato. A vítima também ingressou com ação de danos morais contra a unidade odontológica.
Em alguns casos, a clínica já foi condenada a pagar danos morais para alguns pacientes, em outros o processo ainda corre na justiça e aguarda julgamento. Outro paciente que foi buscar seus direitos no Poder Judiciário é B.V.M. Ele adquiriu os serviços por R$ 1630, porém o tratamento foi realizado em um dente desnecessário, porém ao perceber a situação já havia provocado danos e era preciso realizar reparos.
Para resolver amigavelmente acordou-se em proceder ao ressarcimento parcial e continuar com o tratamento, porém por negligência, conforme consta da ação, os serviços foram mal elaborados e ficou impossível de usar os dentes "tratados". O paciente solicitou a devolução do valor de R$ 510 e mais danos morais.
Alguns casos foram resolvidos em audiência conciliatória como é o caso de E.P.S., que em 2010 conseguiu a devolução do valor pago pelo tratamento, no montante de R$ 195.
Outra "vítima" da clínica e M.L.P. que pagou R$ 565 pelo tratamento, mas acabou perdendo o dente. Ela iniciou o tratamento em 16 de setembro de 2010 para realização de um canal, porém retornou à clínica no dia seguinte com fortes dores.
O dentista prescreveu um medicamento, mas a dor continuou. No dia 20, M.P. retornou ao centro e foi hostilizada porque a ficha não foi encontrada, somente após muita insistência foi encaminhada a outro dentista que constatou que o dente foi perfurado de forma equivocada.
Após quatro dias, a paciente procurou outra clínica e pagou mais R$ 70 e recebeu medicação. O dentista que lhe atendeu emitiu laudo comprovando o defeito na prestação do serviço e devido à perfuração do dente a paciente perdeu o dente. A clínica chegou a ser notificada para responder ou acompanhar o tratamento, porém não se manifestou. Não restando alternativa, senão procurar a justiça.
A paciente L.V.P.S. recebeu uma indenização de R$ 3.348, pois em junho de 2009 iniciou o tratamento na clínica para colocar uma prótese e uma ponte. Os serviços ficaram em R$ 350 à vista. Ela colocou a prótese, mas não ficou boa, 15 dias depois retornou e ainda não foi satisfatório o serviço, mais 60 dias se passaram e o problema não foi resolvido. Além disso, a ponte não havia ficado pronta.
Cada dia que passava L.V. era atendida por um profissional diferente e ainda era mal tratada pelos funcionários. Ela pediu para falar com o dono, mas não conseguiu e 75 dias depois o tratamento não havia sido concluído. Por isso, procurou à justiça e conseguiu a indenização.
Outro caso é de E.S.C. que pagou R$ 360 para realizar uma obturação cm porcelana, mas colocaram resina. Devido ao erro, a paciente também conseguiu reaver o dinheiro por meio do Poder Judiciário.
Caso curioso é o de C.M.D.A. que iniciou um tratamento de R$ 700 para realizar duas extrações e fazer um canal. Ao começar a realizar os procedimentos odontológicos, a mulher teve problemas e sentia muitas dores, sem obter êxito na clínica foi à justiça e em audiência conciliatória aceitou refazer os serviço.
No entanto, os problemas continuaram e mais de um mês depois da audiência o tratamento não foi realizado. Em função da prótese mal colocada ocorreu a queda de um dente permanente e o ‘trincamento’ de outro.
Outro lado
O dono da clínica Fernando Helou alegou que levando em conta a demanda que a clínica atende mensalmente o número de processos pode ser considerado normal. Ele destacou também que outras unidades odontológicas também respondem a processo, pois é difícil agradar a todos.
Helou preferiu não informar o número de pessoas que são atendidas diariamente na clínica, mas sabe que centenas pessoas, principalmente de baixa renda, passam por lá mensalmente.
O proprietário ainda alegou que o site Olhar Direto estaria sendo injusto ao divulgar a informação uma vez que outras clínicas possuem mais processos que o Centro Odontológico do Povo. A reportagem fez uma busca pelo site do Projudis, porém não foram encontrados processos contra as grandes clínicas na capital.
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