Ministros de Agricultura de seis países da América do Sul anunciam estudo para avaliar riscos à produção agropecuária da região
Mudanças climáticas preocupam autoridades
Buenos Aires, Argentina (01/04/2011) - Os impactos das mudanças climáticas na economia agrícola da América do Sul foram tema de debates promovidos pelo Conselho Agropecuário do Sul (CAS), órgão consultivo do Mercosul. Reunidos durante dois dias, em Buenos Aires, ministros da Agricultura de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai discutiram o assunto. Eles anunciaram que vão intensificar os estudos e incentivar programas de agricultura sustentável para reduzir os riscos na produção de alimentos.
"Vamos colocar na mão dos técnicos da Rede de Coordenação de Políticas Agropecuárias do Cone Sul a criação de um sistema para avaliar os impactos dos fenômenos climáticos em nível regional e incrementar as ferramentas já disponíveis", comentou o ministro da Agricultura do Brasil, Wagner Rossi. Ele é o presidente do Conselho Agropecuário do Sul, no sistema temporário de rodízio dos seis países que integram o órgão.
Em declaração oficial, assinada pelos ministros da Agricultura Julián Domínguez (Argentina), Nemesia Achacollo (Bolívia), Wagner Rossi (Brasil), José Antonio Galilea (Chile) e Enzo Cardoso (Paraguai), além do vice-ministro de Agricultura do Uruguai, Daniel Garín, a avaliação é que a recente alta dos preços dos alimentos teve como um dos elementos determinantes a ocorrência de eventos meteorológicos intensos, que influenciaram na oferta de produtos.
"A variabilidade climática demanda o fortalecimento das estratégias dos ministérios da Agricultura da região e dos demais atores envolvidos para minimizar o impacto negativo na produção agropecuária e nas populações mais vulneráveis", aponta o texto assinado pelos ministros.
Programa ABC
O ministro Wagner Rossi apresentou aos colegas dos países vizinhos as linhas gerais do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado no ano passado pelo governo brasileiro, como parte do esforço do país em estabelecer metas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa até 2020. O programa prevê condições especiais para os produtores que apostarem em atividades produtivas que permitam a redução da emissão de gás carbônico (CO2), gás metano (CH4) e óxido nitroso.
"A idéia é difundir uma nova agricultura sustentável que reduza o aquecimento global, ao mesmo tempo que garanta o aumento da produtividade agropecuária", explicou. O Programa ABC prevê metas como a recuperação de 15 milhões de hectares de terras degradadas no Brasil.
Ele apontou que o governo brasileiro quer incentivar os agricultores a adotarem o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta em 4 milhões de hectares de terras. "Isso vai gerar mais renda aos produtores", disse. Outra meta do Programa ABC é levar a adoção do sistema de plantio direto na palha a 33 milhões de hectares de terra.
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