Produção de gado de corte fecha o ano sem grandes lucros em MT
A média de preço do acumulado em 2009 ficou em R$ 66,37/@, uma desvalorização de 8,9% em relação ao ano passado. No Estado, em maio de 2008 o preço ficou em R$ 83,00/@, caindo para R$ 62,87/@ neste ano, resultado da retração da demanda e do aumento da oferta de boi gordo. De acordo com os dados do IMEA, em abril a arroba foi comercializada entre R$ 65,00/@ e R$68,00/@. Os valores elevaram a média de preço do segundo semestre, que ficou em R$ 66,40/@. Mesmo assim, registrando uma queda de R$ 11,40/@ em relação ao mesmo período do ano passado.
Mercado de Reposição: nesse ano a reposição se manteve mais firme do que a negociação de boi gordo, com queda de preço e retração menores. A consequência foi a continuidade na baixa na relação de troca entre o bezerro e o boi, iniciada em 2007.
O IMEA divulgou que o preço do bezerro desmamado permaneceu em torno dos R$ 550 por cabeça, o que atraiu alguns produtores para a cria e recria de animais no segundo semestre. Porém, ao analisar a média de preço anual de R$ 547,10 a cabeça em 2009 e R$ 592 no ano anterior, configura-se uma queda de R$ 44,90. Nos últimos meses a relação de troca chegou ao índice de dois bezerros por boi gordo, devido à desvalorização do preço da arroba.
Fêmeas: a desvalorização do preço da arroba e a melhora na relação de troca da reposição com o boi gordo levou ao aumento da retenção de fêmeas, principalmente no primeiro semestre. Os dados do Indea (Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso), demonstram que o abate de fêmeas este ano, até outubro, recuou em 92 mil cabeças em relação a janeiro a outubro de 2008. Com isso, espera-se que aumente a oferta de bezerros para 2010.
Exportações: apesar da difícil situação interna, 2009 registrou a recuperação da demanda mundial e também a desvalorização cambial, com a entrada de capital especulativo. Em janeiro, Mato Grosso embarcou 7,8 milhões de kg/eq. carcaça, o menor volume desde fevereiro de 2005. Contudo, em abril o mercado se recuperou, exportando 18 milhões de kg/eq. carcaça. O levantamento revela que de janeiro a novembro foram exportadas 43 milhões kg/eq. carcaça a menos do que em 2008. Já o câmbio apresentou comportamento inverso, iniciando o ano em R$ 2,30 e fechando na casa dos R$ 1,70, o que desfavoreceu os setores exportadores nacionais.
Perspectivas para 2010- o mercado de corte depende exclusivamente do comportamento da demanda, o que, é difícil de prever. Conforme o IMEA, se a demanda continuar estável, o cenário não é favorável à recuperação dos preços, já que com a retenção de fêmeas ‐ iniciada em meados de 2008 ‐ a oferta tende a crescer, superando os níveis de abate registrados em 2009, o mais baixo desde 2004. Deste modo, as projeções ainda não são claras.
No entanto, o instituto declarou que os dados do Relatório de Mercado (Focus) do Banco Central, divulgado no início do mês, apostam em um crescimento 5,03%. Porém, para o mercado internacional não existem projeções de grande crescimento, pelo menos entre os principais compradores: União Europeia, Rússia, Venezuela e Oriente Médio. A não ser que o real apresente uma desvalorização maior em relação ao dólar.
Apesar disso, o setor tem apresentado aumento da produtividade e a integração lavoura‐pecuária, e dá sinais de que a conscientização em relação ao meio ambiente continuará e se intensificará nos próximos anos. Para o IMEA esta movimentação tem interferência direta na demanda, uma vez que os consumidores estão procurando alocar suas rendas em produtos com responsabilidade ambiental. Dessa maneira, o aumento dos investimentos voltados para a pecuária sustentável tende a aumentar, acompanhando a tendência mundial.
A pesquisa aponta ainda que o estado está preparado com confinamentos, integração lavoura-pecuária e plantas frigoríficas, para um aumento de até 150% no volume de animais a serem abatidos em 2010, caso ocorra uma grande alavancada na procura
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