Brasil deve crescer em torno de 1,2% em 2009, diz Ipea
"Nós esperamos crescimento positivo em 2009, entre 0,2% e 1,2%, mais para 1,2%", disse Sicsú, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicos do Ipea. "O consumo interno vai puxar a economia neste ano e o investimento virá como decorrência desse processo, e provavelmente no ano que vem teremos uma recuperação do nível do investimento."
Para 2010, a previsão dos economistas é de que a economia registre expansão de cerca de 5%. "Eu acredito que a economia brasileira possa se recuperar em 2010 para assumir a trajetória em que tinha caminhado em 2008", afirmou Sicsú.
Messenberg, do Grupo de Análises e Previsões do instituto, alertou, porém, que o crescimento no próximo ano poderia ser maior, não fosse a contínua valorização do real frente ao dólar e uma possível elevação da taxa Selic pelo Banco Central. Para ele, esses dois fatores impactam diretamente os investimentos no país, e isso impede uma recuperação mais acelerada da indústria.
"O crescimento baseado será em consumo, o nível de renda vai crescer. E então você tem a possibilidade de expansão da economia de uma demanda por um ganho de renda, que é um investimento especulativo, a meu ver. E isto não vai ser suficiente para ampliar o estoque de capital da economia a ponto de fazer com que ela possa crescer 5, 6% ao ano sem pressões inflacionárias", afirmou.
Quando isso acontecer, segundo ele, o BC vai voltar a subir o juro básico, atualmente em 8,75% ao ano, o patamar mais baixo da história.
Sicsú ressaltou, no entanto, que o juro mais alto e o câmbio valorizado atrapalham, mas não impedem o crescimento do país. "A economia brasileira cresce mesmo com essas variáveis atrapalhando, mas o que nós estamos dizendo é que ela poderia crescer muito mais", disse.
Medidas
O diretor do Ipea comentou ainda a retirada, segundo ele paulatina, das medidas de incentivo à economia do país. "Parece que o governo está sabendo sintonizar bem a inclusão e a exclusão de medidas ao longo desse período de crise e pós-crise", afirmou.
Para ele, o governo deve mesmo prorrogar a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) da linha branca para produtos como fogões, geladeiras e máquinas de lavar.
Adotada para vigorar de abril a junho, com perda de R$ 264 milhões na arrecadação, a isenção do IPI dos produtos da linha branca foi prorrogada até o final deste mês.
Entre janeiro e julho deste ano, os produtos da linha branca responderam por 11,3% das vendas de bens duráveis, ante 8,8% no mesmo período de 2008, de acordo com dados computados pela empresa de pesquisa GfK Brasil.
com Folha de S.Paulo
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