Inflação pelo IGP-DI deve atingir menor nível em 65 anos, diz FGV
O índice caiu 0,64% em julho, após baixa de 0,32%, informou hoje a fundação. Analistas consultados pela Reuters previam queda de 0,39%.
"O IGP-DI já ensaiou voltar para o terreno positivo mais de uma vez e não aconteceu. Acho que há fôlego para no máximo mais dois meses de deflação", disse Salomão Quadros, economista da FGV, ao destacar o impacto que terá sobre o índice a desvalorização do dólar frente ao real.
O economista prevê variações mais fortes no segundo semestre em razão do aquecimento da economia e da base de comparação mais forte. Mesmo assim, Quadros acha que o IGP-DI terá taxa recorde de baixa neste ano.
"O IGP-DI ficará perto de zero. Pode ser para o lado negativo ou positivo. Não considero impossível fechar o ano com variação negativa", disse ele ao lembrar que a menor variação do indicador desde sua criação em 1944 foi em 2005, com 1,22%. "O índice tem muita chance de ficar abaixo desse nível de 2005 e de ser o menor da história", acrescentou. "Acho que os demais IGPs vão pelo mesmo caminho."
Julho
Em julho, as quedas de preços se concentraram no atacado, em produtos como alimentos processados (carnes bovinas), alimentos in natura (batata, tomate e ovos) e matérias-primas brutas (soja, milho, trigo e bovinos).
"Houve um movimento sincronizado das commodities agrícolas", disse Quadros. Só a soja, com queda de 5,7%, respondeu por 25% da deflação de julho, segundo a FGV.
Entre os componentes do IGP-DI, o IPA (Índice de Preços por Atacado) teve declínio de 1,16% em julho, seguindo a baixa de 0,64% no mês anterior.
O IPA agrícola caiu 2,57%, contra alta anterior de 0,34%. O IPA industrial recuou 0,69% em julho, ante baixa de 0,97% em junho.
Em contrapartida, os preços no varejo subiram por conta de aumentos de preços administrados, em especial álcool e energia residencial. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) subiu 0,34% em julho, contra avanço de 0,12% em junho.
Com o resultado de julho, o IGP-DI acumula no ano queda de 1%, taxa mais baixa da pesquisa iniciada em 1944.
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