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Economia
Terça - 09 de Junho de 2009 às 15:48
Por: Cirilo Junior

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A crise econômica impactou diretamente o investimento feito no setor produtivo no Brasil, que ficou negativo pela primeira vez desde o quarto trimestre de 2003, em dados forem confrontados com igual período no ano anterior. Em relação ao primeiro trimestre de 2008, a queda do investimento chegou a 14%.

Essa retração é a pior observada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desde o início da série histórica que mede o PIB (Produto Interno Bruto), iniciada em 1996, segundo dados divulgados hoje. Em relação ao quarto trimestre, o investimento --medido pela chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF)-- caiu 12,6%, também a pior queda da série. De outubro a dezembro, a queda já havia sido de 9,3% frente ao trimestre anterior.

Com tais quedas, a taxa de investimento teve o menor peso já observado no PIB, na comparação com primeiros trimestres anteriores, desde 2005. Os investimentos representaram 16,6% do PIB, pela ótica da demanda. De janeiro a março do ano passado, essa proporção chegava a 18,4%. No primeiro trimestre de 2005, significava 15,9% do PIB.

Em valores, os investimentos somaram R$ 113,8 bilhões do total de R$ 684,6 bilhões que a economia brasileira movimentou no primeiro trimestre.

Para a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a forte queda do investimento não pode ser considerado um indicador de tendência futura na economia.

"Os investimentos têm comportamento muito mais volátil do que o PIB. Ele é muito mais volátil em épocas em que se tem alguma crise, quanto em épocas em que se está crescendo. Ele tende a crescer sempre mais quando o PIB está crescendo, e cai mais quando o PIB está caindo. A gente vê esse comportamento ao longo da série histórica inteira", explicou Rebeca.

Resultados ruins

O PIB, que mostra o comportamento de uma economia, é a soma das riquezas produzidas por um país --é formado pela indústria, agropecuária e serviços. O PIB também pode ser analisado a partir do consumo, ou seja, pelo ponto de vista de quem se apropriou do que foi produzido. Neste caso, é dividido pelo consumo das famílias, pelo consumo do governo, pelos investimentos feitos pelo governo e empresas privadas e pelas exportações.

No geral, a economia brasileira teve retração de 1,8% no primeiro trimestre de 2009 ante igual período do ano passado, e de 0,8% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Trata-se da segunda taxa negativa consecutiva, o que configura um quadro de recessão técnica, a primeira desde 2003.

Com o pior desempenho da série histórica iniciada em 1996, a indústria contribuiu decisivamente para a retração da economia brasileira no primeiro trimestre. O setor industrial despencou 9,3% em relação ao primeiro trimestre de 2008. Na comparação com o quarto trimestre, a indústria teve alta de 3,1%, e nos últimos 12 meses, acumula expansão de 0,4%.

Já o setor de serviços registrou incremento de 1,7% frente ao primeiro trimestre de 2008. Em relação ao quarto trimestre, o segmento cresceu 0,8%, e nos últimos 12 meses, tem alta de 3,9%.

O setor agropecuário, por sua vez, caiu 1,6% na comparação com o período de janeiro a março do ano passado. Em relação ao quarto trimestre de 2008, a agropecuária teve retração de 0,5%, e nos últimos 12 meses, acumula incremento de 4,3%.

O consumo das famílias desacelerou, mas ainda teve aumento de 1,3% no primeiro trimestre. Em relação ao quarto trimestre, constatou-se crescimento de 0,7%, e nos últimos 12 meses, acumula incremento de 4,1%. O consumo do governo registrou alta de 2,7% no primeiro trimestre. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, o consumo do governo cresceu 0,6%, e nos últimos 12 meses, acumula expansão de 4,7%.

Pelo lado do setor externo, tanto as exportações de bens e serviços (-16,0%) como as importações de bens e serviços (-16,8%) apresentaram quedas em relação ao último trimestre de 2008.





Fonte: Folha Online

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