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Meio Ambiente
Sexta - 12 de Dezembro de 2008 às 12:21
Por: Antonio Gaspar

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O ganho de eficiência obtido na pecuária brasileira propiciou a redução de 30% na quantidade de gás metano emitido por quilo de carne produzido, afirma o professor de Nutrição Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Henrique Mazza Rodrigues, que acaba de participar do workshop Sustentabilidade na Pecuária de Corte , em Brasília.

De acordo com Rodrigues, há ainda muito espaço para avanços na redução das emissões. O processo deve passar pela incorporação do que há de melhor no confinamento e na produção no pasto. Há duas linhas possíveis de serem seguidas: a redução das emissões por animal ou por quilo de produto.

Caminhos - Se a estratégia for a de reduzir a emissão de metano por quilo de carne produzido, será preciso baixar ainda mais o tempo de abate dos animais. Para isso, é preciso melhorar a eficiência. "Nesse caso, temos investir em melhoramento genético, nutrição (melhora de pastagens, redução de áreas degradadas), e controle de doenças", explica Rodrigues. "Temos todas as condições para isso, temos tecnologia, as principais empresas do setor estão aqui e possuímos o maior rebanho comercial do mundo."

O outro caminho incorpora o uso de medicamentos como a monensina, que melhora a eficiência da fermentação ruminal e já é usada em quase 100% do rebanho de corte confinado no País, segundo Rodrigues. "O antibiótico seleciona as bactérias desejáveis e controla as indesejáveis, que estão presentes na câmara de fermentação do animal. Com isso, há uma maior eficiência no aproveitamento de nutrientes e na redução da produção de subprodutos indesejáveis da fermentação, como o metano", explica. Ainda nessa linha, ele cita a possibilidade de desenvolvimento de vacinas que controlem as arquéas (já classificadas como bactérias metanogênicas), responsáveis pela produção de metano.

Cálculo - Segundo Rodrigues, em 1990 eram necessários cinco anos para o animal estar pronto para abate. "Hoje, no geral, são necessários 3,5 anos, mas já há propriedades que abatem com 24 meses", diz Rodrigues.

No cálculo da redução das emissões de metano, Rodrigues usou como balizador a produção de gado para abate em 3,5 anos (caso atual) e 5 anos (indicador de 1990). "Um animal produz 57 quilos de metano por ano. Em cinco anos de existência (caso de 1990) terá produzido 285 quilos de metano. Em 3,5 anos, 199,50 quilos de metano", afirma Rodrigues.

Em geral, explica o cientista, cada animal no momento do abate pesa em torno de 240 quilos. Em cinco anos, ele terá produzido 1,18 quilo de metano por quilo de carne (carcaça) e, em 3,5 anos, 0,85 quilo de metano. "Temos aí, como resultado da eficiência alcançada pelo setor de pecuária, uma redução em torno de 30%, em relação a 1990", diz Rodrigues.

O metano é um dos gases que potencializa o efeito estufa. Fica menor tempo na atmosfera na comparação com o CO2, mas é 60 vezes mais nocivo que este no que diz respeito ao aquecimento global. Em 200 anos, sua concentração na atmosfera saltou de 0,8 para 1,7 parte por milhão (ppm). Na Terra, é um gás primordial. Pode ser encontrado em depósitos de hidrocarbonetos, em hidratos de gás abaixo do fundo do mar ou sob geleiras. Mas também pode ser produzido pela digestão anaeróbica de matéria orgânica.





Fonte: DiárioNet

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