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Economia
Sexta - 12 de Dezembro de 2008 às 10:20

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Defensor público da queda nos juros, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse ontem que o Banco Central terá de responder pelos efeitos na economia da decisão de manter inalterada a taxa de 13,75% na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).

"Ele [BC] tomou essa decisão [de não reduzir os juros]. Ele vai responder por ela", afirmou Mantega, ao ser questionado sobre o resultado da reunião do Copom, que, mesmo pressionado pelo presidente Lula nas últimas semanas, não mexeu na taxa Selic, usada como referência pelo mercado.

Ao fazer o comentário, Mantega deu outra alfinetada no banco ao dizer que o BC tem de responder por seus atos, assim como ele responde pelos da política fiscal. "Eu estou dizendo que tem de baixar o custo financeiro e, no que me diz respeito, estou baixando o juro no país", citando a decisão de reduzir a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 3% para 1,5% no crédito direto ao consumidor, divulgada ontem na Fazenda.

A intenção do governo era baixar a alíquota do IOF apenas depois de o BC reduzir as taxas de juros, mas a queda mais forte no ritmo da economia brasileira neste final de ano levou o governo a antecipar a medida.

Apesar das críticas indiretas ao BC, Mantega lembrou que o presidente Lula decidiu que o Banco Central tem uma "autonomia relativa" e que isso "pode trazer algum inconveniente em algum momento, mas, de modo geral, traz dividendos, um equilíbrio, porque retira a interferência política".

Ele acrescentou preferir não julgar se a decisão do presidente de dar autonomia ao BC era "certa ou errada", mas que era o que Lula havia estabelecido dentro do governo desde o primeiro mandato. Nos últimos dias, o presidente chegou a confidenciar que poderia limitar a autonomia do BC caso ele não sinalizasse uma redução dos juros neste final do ano.

A redução nos juros acabou não acontecendo, nem foi adotado o viés de baixa pelo BC, mas o banco fez questão de anotar em seu comunicado pós-reunião do Copom que foi discutida a possibilidade de cortar a taxa, mas que, por unanimidade, foi decidido não tomar esse caminho.

Durante conversa com jornalistas, o ministro disse que vários empresários reclamaram da decisão do BC na reunião, ontem pela manhã, com Lula, da qual participou também o presidente do BC, Henrique Meirelles. "Vários empresários falaram sobre isso. Reclamaram, disseram que a principal coisa é baixar a Selic."

Mais tarde, sentado ao lado de Meirelles para uma entrevista coletiva, o ministro não citou diretamente a Selic, mas se referiu ao custo financeiro das operações no mercado dizendo que com as taxas de juros anteriores era impossível crescer.

Em seguida, porém, ressaltou que os juros futuros, que também têm impacto no crédito final, estão em queda e ressaltou a necessidade de diminuir o "spread" bancário (diferença entre o valor cobrado dos clientes e o pago pelos bancos para captar recursos). Para isso, o ministro afirmou que usará os bancos públicos como indutores dessa redução.





Fonte: Folha de S.Paulo

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