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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Quinta - 31 de Janeiro de 2008 às 23:35

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O Brasil não se empenhou em corrigir os problemas no sistema de rastreabilidade (monitoramento das cabeças de gado para garantir a procedência da carne) que contribuíram para a União Européia suspender a importação de carne bovina brasileira. A avaliação é do especialista em cadeia de carne bovina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Júlio Barcelos.

“Nunca reagimos de forma adequada para corrigir de forma séria e definitiva os problemas que possam estar dando chance para que a comunidade européia, ao momento que lhe convier, tome esse tipo de atitude”, disse Barcelos hoje (31) em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.

Para ele, essa correção daria credibilidade ao Brasil e evitaria desconfiança do mercado externo sobre a carne do país. “Desde que o sistema de rastreabilidade brasileiro foi adotado, nunca ficou muito claro quais eram os procedimentos que assegurassem, primeiro, o estado sanitário de nosso rebanho nem quem eram os agentes protagonistas de cada uma das decisões”, disse.

Segundo Barcelos, um dos principais problemas provocados pela falta de definições é que o setor fica vulnerável a adaptações para atender a interesses de fornecedores e até de regiões produtoras. “As instruções normativas mudam com muita freqüência para atender a interesses do cliente, dos fornecedores até mesmo regionais e políticos”, destacou. Isso, aos olhos do cliente externo, não passa uma boa imagem.”

Para o especialista, é preciso definir imediatamente não apenas as regras, mas o modo e os agentes responsáveis por cumpri-las. Numa análise que classificou como “particular”, o professor disse, ainda, que o embargo pode ser uma estratégia do mercado europeu para diminuir o preço internacional da carne.

“Este não é um embargo definitivo, mas abrirá caminho para uma negociação, tendo em vista que a carne hoje está com preços relativamente altos, e a partir de uma estratégia comercial, é possível até que a Europa consiga reduzir os preços que está pagando pela carne no mercado internacional”, afirmou.

O professor disse ainda acreditar que as negociações não devem ser reiniciadas de 30 a 40 dias. O Brasil, no entanto, participará das discussões com a imagem do produto brasileiro no exterior prejudicada.

“Tudo isso prejudica muito a imagem da carne brasileira lá fora, porque outros clientes, embora não estejam exigindo como o continente europeu, passam a ter um olhar muito mais criterioso a respeito desse grande fornecedor mundial, que é o Brasil”, concluiu.




Fonte: Agência Brasil

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