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Repórter News - reporternews.com.br
Saúde
Segunda - 17 de Dezembro de 2007 às 14:31

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A grande maioria dos pacientes com câncer de estômago no Brasil é diagnosticada em estágios já avançados da doença. O País não conta com dados específicos sobre o diagnóstico precoce da doença, mas especialistas acreditam que os níveis continuam baixos. Levantamento feito pelo Estado em três dos maiores hospitais brasileiros mostra que esse índice não passa de 20% dos casos.

De acordo com pesquisa do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC), menos de 10% desses tumores são descobertos em fase inicial, quando a doença pode ter até 98% de probabilidade de cura.Um levantamento realizado pelo HC revela que entre 1971 e 2006, das 2.340 cirurgias gástricas realizadas para a retirada de tumores no estômago, apenas 178, ou 7,6%, estavam em estágio inicial .

De acordo com Alexandre Sakano, cirurgião gástrico do HC, não existe consenso sobre as causas do desenvolvimento desse tipo de câncer. Alguns fatores, no entanto, como o tabagismo, consumo excessivo de bebida alcoólica e histórico familiar são considerados de risco. “O recomendável é que todas as pessoas com mais de 50 anos façam uma endoscopia preventiva”, diz. “Para os pacientes com histórico familiar o ideal é após os 40 anos.”

No Hospital do Câncer do Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio, a situação não é muito diferente e o diagnóstico precoce chega a 12%. No Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, esse índice varia entre 15% a 17%.

Contribui para esses índices o fato de a doença muitas vezes não apresentar sintomas na fase precoce. “Alguns pacientes chegam com tumores que pegam a metade do estômago e nunca manifestaram nenhum sintoma”, diz o diretor do Departamento de Cirurgia Abdominal do A.C. Camargo, André Luis Montagnini.

Em cerca de cinco anos, o tumor gástrico pode evoluir para estágios mais avançados. Desse ponto em diante, a probabilidade de cura cai para apenas 25%. Em caso de tumores com metástase pode cair ainda mais, para cerca de 5%.

Hoje, estima-se que cerca de 900 mil casos da doença sejam descobertos anualmente no mundo. O número de mortes também assusta: 650 mil. O topo do ranking é ocupado pelo Japão, com 780 casos por 100 mil habitantes.

No Brasil, entre os homens, o câncer de estômago é o quarto tipo da doença com maior incidência; nas mulheres, é o quinto. Neste ano, houve 21,8 mil novos casos detectados, ante 23,2 mil casos, em 2006.

SINTOMAS -- Quando a doença se encontra mais avançada, alguns dos sintomas são dores de estômago, gastrite, sangramento e quadros de anemia crônica. O exame mais recomendado para a detecção da doença é mesmo a endoscopia.

Foi dessa forma que em 2004 a empresária Solange Bernadete, hoje com 46 anos, descobriu um tumor muito agressivo, mas ainda em estágio inicial. Acompanhando seu filho em um exame endoscópico, o médico recomendou que ela fizesse também. Solange tinha duas úlceras, mas havia mais de um ano não sentia dores.

A endoscopia detectou o tumor e em menos de uma semana a operação estava marcada. Apesar de inicial, o tumor poderia se alastrar rapidamente. A solução foi a retirada total do órgão. “Eu não sentia absolutamente nada e havia mais de um ano não tinha dores de estômago. Jamais imaginaria que estava com câncer”, conta.

Solange só conseguiu se alimentar normalmente quase quatro meses depois da cirurgia. Nesse período, perdeu 30 quilos e teve de se adaptar às limitações de não ter estômago. Hoje, curada, a empresária leva uma vida normal. Tem de se alimentar a cada duas horas e faz acompanhamento no Hospital A.C. Camargo para evitar novos problemas.

A ausência de sintomas nas fases iniciais da doença, no entanto, não é o único problema. Quando os primeiros sinais começam a aparecer, a automedicação pode atrasar a identificação do câncer. “As pessoas devem evitar esse tipo de procedimento e não podem achar que é normal ter dores de estômago constantes”, diz Montagnini.

O médico recomenda a procura de atendimento aos primeiros sinais da doença. “Normalmente, até o paciente chegar ao hospital já percorreu um longo caminho”, diz.





Fonte: Estadão

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