Corinthians tenta transformar vexame em captação de dinheiro

O Corinthians quer transformar um vexame em motivo para captação de dinheiro. A diretoria do clube quer usar a passagem pela Série B --que ela espera ser de apenas um ano-- para aumentar seu ganhos com a divulgação da marca do clube.

Um plano de marketing está sendo idealizado para "aproximar" o torcedor do time, ainda se aproveitando do momento vivido no fim do Brasileiro, quando a torcida decidiu apenas apoiar a equipe, sem protestar, na esperança de tentar escapar do rebaixamento.

"Queremos manter essa chama acesa. O que aconteceu nos últimos jogos entre torcida e time é uma coisa que eu nunca havia visto em 60 anos como corintiano", disse o vice-presidente de marketing do clube, Luis Paulo Rosenberg.

O dirigente, que tem trabalhado ao lado do publicitário Nizan Guanaes, contratado justamente para renovar o departamento e trazer idéias que façam o clube explorar melhor a marca, afirma que o alvo principal das iniciativas será voltado para ações que envolvam diretamente a participação do torcedor em 2008.

"A área de marketing servirá para buscar recursos e tornar o clube mais viável. O potencial do Corinthians é muito grande e o que foi feito até agora é muito reduzido", diz Rosenberg.

Entre as medidas previstas no projeto a ser lançado no início do ano a que receberá atenção prioritária é a que põe em prática a implantação do sócio-torcedor, chamado "Fiel Torcedor". Segundo Rosenberg, serão três modalidades.

A mais cara oferecerá o título de sócio do clube, além de outros benefícios incluídos nos outros dois níveis de adesão: a intermediária, sem associação à parte social, e uma terceira, definida como "colaboração" do torcedor com o clube.

Todos os torcedores que aderirem, diz Rosenberg, poderão comprar ingressos antecipadamente e entrar nos jogos do time por um portão especial. "Vou dar um baile nos cambistas porque só será liberado o bilhete depois que o sócio solicitar", explica o vice.

Segundo Rosenberg, o plano de marketing prevê também a criação de uma "TV Corinthians" na internet, com acesso só para quem fizer assinatura, e a comercialização de camisetas com frases que foram cunhadas pela torcida corintiana.

"Vamos fazer leilões para facilitar o acesso a áreas privativas, como vestiários. Vamos trazer mais corintianos ao Parque São Jorge", diz.

"E pode por aí bem grande: o clube do Corinthians vai ser o que o torcedor quer que seja", afirma o presidente Andrés Sanchez, que também prevê um Corinthians de alcance nacional. "Por isso é que Brasil é Corinthians e Corinthians é Brasil", declarou Andrés, que pretende, mesmo com o time na segunda divisão, seguir na renegociação dos atuais contratos de patrocínio com a Nike e com a Samsung.

"Eu não estou contente com a Nike. A Samsung está cumprindo o combinado, mas eu tenho o direito de negociar uma coisa melhor", diz o presidente.

"Eu preferia ganhar muito mais com uma empresa nacional, mas se chegar uma estrangeira pagando mais, vou ficar com a internacional", completa o cartola, que prevê mais visibilidade para o Corinthians na Série B do que já tinha na Série A.

Nos últimos anos, o departamento de marketing do Corinthians foi motivo de grandes disputas políticas. Carla Dualib, neta do ex-presidente, fora pivô de muitas polêmicas envolvendo o assunto.