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Economia
Domingo - 11 de Novembro de 2007 às 18:39

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PARIS, 11 Nov 2007 (AFP) - O preço do barril de petróleo está se aproximando dos US$ 100, depois de ter quadruplicado em cinco anos sob o efeito do consumo desenfreado da China e da Índia, das tensões geopolíticas em países produtores e do aumento das especulações.

Há cinco anos, os preços da commodity oscilavam entre US$ 22 e US$ 28, dentro de uma margem definida pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

A invasão americana no Iraque lançou fogo no mercado e desencadeou diversos ataques contra instalações petrolíferas. Hoje, a eventualidade de uma incursão turca para lutar contra o PKK no norte do Iraque, região produtora de petróleo, joga mais lenha na fogueira.

As tensões políticas em outros países produtores importantes deixaram o mercado de petróleo com os nervos à flor da pele: a greve que paralisou o setor petroleiro entre 2002 e 2003 na Venezuela, ataques recorrentes contra a infra-estrutura do setor e seqüestros de trabalhadores estrangeiros na Nigéria.

"Além disso, falta investimento dos países da Opep. Daí a perda de capacidade de produção no Iraque, na Nigéria ou no Iraque no momento em que ademanda aumenta muito", ressaltou Leo Drollas, diretor adjunto do Centro de estudos sobre energia global (Centre for Global Energy Studies, CGES).

Paralelamente, o mundo vem registrando forte crescimento há cinco anos, principalmente em gigantes emergentes como China e Índia, gerando consumo desenfreado.

A China é hoje o segundo consumidor mundial de energia, atrás dos Estados Unidos, mas assumir a liderança a partir de 2010, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

Esta disparada da demanda gerou preocupações sobre os estoques e risco de escassez, ainda mais porque a capacidade de refino mundial é insuficiente.

A Opep, que fornece 40% do petróleo mundial, adotou uma política mais agressiva, abandonando a margem de preço e defendendo picos cada vez mais altos com reduções de produção.

No fim de 2006, os preços da commodity estavam em torno de US$ 50, e o cartel votou duas reduções de produção consecutivas de um total de 1,2 milhão de barris por dia (b/d).

"A segunda redução, que entrou em vigor em fevereiro, foi a gota d'água", comentou Drollas.

Os países consumidores pedem através da AIE um aumento da produção de aproximadamente 1,8 milhão de barris por dia da Opep, que bombeia atualmente 27,2 milhões barris por dia, levando em conta a alta da produção de meio milhão de barris anunciada em setembro.

Mas isto não bastou para impedir uma disparada dos preços de US$ 20 em dois meses. "A Arábia Saudita aumentou sua produção, mas muito devagar", continuou Drollas.

A Opep repetiu que esta disparada se deve aos problemas de refino e especulação.

O mercado a futuro do petróleo se tornou de fato muito rentável pois os rendimentos no mercado financeiro, de obrigações e imobiliário estão caindo. O petróleo também se tornou um valor de fuga para os investidores que querem se cobrir contra a queda do dólar.

Isto contribui também para o aumento do preço do barril porque leva os produtores a pedirem mais pela mesma quantidade de petróleo, para manter o poder de compra.

Com a aproximação da barreira simbólica dos US$ 100, a especulação se intensificou. "Quanto mais os preços sobem, mais isto atrai as pessoas que apostam na continuidade da alta. Isto eleva os preços. Como uma profecia auto-realizadora ou como uma bolha especulativa", concluiu Drollas.




Fonte: AFP

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