Produtores e comerciantes brigam por controle de mercado de coca na Bolívia

Produtores e comerciantes brigam por controle de mercado de coca na Bolívia La Paz, 3 set (EFE).- A Polícia boliviana evitou hoje um confronto entre produtores e comerciantes de coca, nas ruas de La Paz, em uma briga pelo controle do mercado da folha.

Cocaleiros e comerciantes tomaram as ruas dando tiros para cima, e trocando desafios e insultos, enquanto a Polícia se interpôs entre eles para evitar um choque violento.

Os conflitos começaram há duas semanas, dentro do Governo do presidente Evo Morales, quando a ministra de Agricultura Susana Rivero anulou uma resolução do vice-ministro da Coca Gerónimo Meneses, que permitia aos produtores vender a folha fora dos mercados legais, monopolizados até então pelos vendedores varejistas.

O conflito chegou às ruas, entre os produtores, defensores de Meneses, e que exigem a renúncia da ministra, e os comerciantes, que, por sua vez, defendem Rivero e pedem a saída do vice-ministro.

Em uma tentativa de conseguir uma saída negociada para a crise, a ministra Rivero manteve hoje uma reunião com representantes dos dois grupos em confronto.

Um representante dos comerciantes, Dionisio Condori, disse à Efe que o grupo estava esperando os resultados da reunião.

"Caso (os resultados) não forem satisfatórios, iniciaremos sete bloqueios de estradas", ameaçou.

Condori afirmou que os produtores que foram às ruas hoje em La Paz eram partidários de Evo Morales, e não "verdadeiros trabalhadores", pois se o fossem, "estariam em suas lavouras".

Por sua parte, José Cuyuña, dirigente dos produtores, assegurou à Efe que o grupo estava em La Paz para "acabar com os 'sanguessugas' da coca", em referência aos comerciantes.

Cuyuña defendeu Gerónimo Meneses, assinalando que é um "autêntico cocaleiro".

"Ele sabe como plantar a coca", afirmou.

O presidente Evo Morales é defensor dos direitos dos produtores de coca, assim como dos valores culturais, tradicionais e medicinais da folha.

Morales é ainda presidente da federação de cultivadores de coca do centro do país, e anunciou este ano sua intenção de elevar os cultivos da folha permitidos na Bolívia, de 12 mil para 20 mil hectares ao ano.