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Economia
Sexta - 31 de Agosto de 2007 às 10:37

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Segundo dados divulgados ontem, a crise nos mercados não atingiu os industriais brasileiros, que mantiveram o ICI (Índice de Confiança da Indústria) da FGV (Fundação Getúlio Vargas) em alta. Mas o superaquecimento de alguns setores já chama atenção.

Em agosto o índice atingiu o recorde de 121,8, uma leve alta de 0,1% sobre julho e de 14,6% sobre o mesmo mês do ano passado. As previsões de produção e de contratação também se elevaram, e o risco de superaquecimento já pode ser identificado pelos índices de estoque e de capacidade instalada.

A capacidade instalada em agosto ficou em 85,7%, a mais alta desde abril de 1995 (85,9%). Já a porcentagem de empresas que consideram seus estoques insuficientes (7%) passou a dos que consideram ter estoque em excesso (6%).

Dos setores que podem sofrer problemas devido à queda dos estoques, o que mais preocupa, segundo Aloísio Campelo Júnior, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV, é o de alimentos ligados a produtos pecuários, em especial carne bovina e leite.

"Há dificuldades de suprir a demanda por causa da fraca oferta de carne e leite dos produtores. Por isso eles já pressionam a inflação para cima", explica.

A causa é o ciclo em que o setor trabalha. "Enquanto o preço está bom, o produtor investe, deixa o boi engordar e não abate vacas leiteiras nem matrizes. Isso até o preço começar a ceder, quando ele reduz investimento, compra menos insumos e abate matrizes para dar conta da demanda e manter as receitas", explica Fabiano Tito Rosa, especialista em pecuária da Scot Consultoria. "Neste momento há a entressafra, porque o rebanho encolhe devido ao abate das matrizes. É o nosso caso agora."

Rosa lembra que os produtores de gado bovino conhecem esse ciclo e por isso já estão investindo. "Mas, enquanto o rebanho não cresce e é abatido ou dá leite, vamos atravessar mais dois anos com o preço tendendo a ficar acima da inflação", explicou. Segundo o analista, cerca de 70% dos custos da indústria de processamento de carne e leite é o produto in natura.

Embora a indústria alimentícia não possa fugir muito desta situação, Rosa elenca algumas atitudes que são tomadas pelo setor para diminuir o impacto da falta de oferta de carne e leite. "Os produtores podem, por exemplo, procurar fornecedores na fronteira agrícola, agregar valor aos produtos, eliminar intermediários e verticalizar a produção, entre outros", aponta.





Fonte: 24 Horas News

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