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Nacional
Terça - 24 de Julho de 2007 às 10:41

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São Paulo - Ela quer fazer um terreiro musical eletrônico no Bourbon Street, local onde predomina o jazz e soul para pessoas elitizadas. No mesmo lugar, quer todo mundo em pé dançando, onde na maioria dos shows prevalece um público sentado. Pois é mesmo esta certa revolução que pretende a maranhense Rita Ribeiro em show que fará hoje - num local bem diferente de onde costuma se apresentar. “Vamos fazer um terreiro eletrônico lá”, aposta ela, que encara a empreitada como um desafio.

Ainda assim, Rita diz que não tem receio da reação que poderá ter por lá. Apesar de ser um ambiente diferente, ela espera conseguir levar seu público para o Bourbon e também absorver um outro tipo: os refinados que freqüentam a casa. Rita Ribeiro participa do projeto “Terça por Elas”, estreado por Fernanda Porto e que seguiu com a apresentação de Leila Maria, na terça-feira passada. Agora, é a vez de a maranhense mostrar seu disco “Tecnomacumba”, lançado no final de 2006 pela Biscoito Fino, sem mudar o repertório do show que tem feito por outros lugares.

“Confio no público que me acompanha, sempre que vou a São Paulo as casas estão lotadas e espero que não seja diferente no Bourbon. A idéia pode parecer inusitada, mas está dentro do contexto de projetos para mulheres, então espero que dê um bom público. O ideal é que seja positivo para todas as partes”, diz Rita, referindo-se ao possível retorno que terá de uma platéia diferente.

E emenda: “Quando se fala em Bourbon é que nem Mistura Fina (do Rio) ou House of Blues (Nova Orleans). Sabemos da tradição da casa, tem riscos, mas tem idéia no que se propõe. Senão você fica muito em gueto, isso limita a visão de trabalho, quanto mais lugares puder tocar e cantar, melhor”. Ela lembra ainda que para este show o valor do ingresso é mais acessível. “O preço não está tão fora de um Sesc, é R$ 30. E é até bacana isso da casa, de abrir um leque diferenciado, para nomes brasileiros de outras vertentes, com preços mais acessíveis”.

Macumba musical

O CD “Tecnomacumba” que Rita apresenta neste show nasceu, na verdade, de um projeto com convidados, como Leci Brandão e Sandra de Sá, que aconteceu em 2003. Três anos se passaram até que ela resolveu registrá-lo. “Todas as apresentações eram lotadas e o público me cobrava. O CD foi uma resposta a esses pedidos”, conta a cantora.

A idéia deu certo. Com a proposta original de mostrar os cânticos africanos, misturado aos elementos eletrônicos, Rita percebeu que não era preciso ir tão longe para detectar referências em seu próprio País. O resultado foi um disco de regravações de grandes nomes brasileiros como Jorge Ben Jor (“Domingo 23”), Caetano Veloso (“Oração ao Tempo”), Gilberto Gil (“Babá Alapalá”) e Dorival Caymmi (“Rainha do Mar”).

“Percebi o ideal seria fazer o link com essas referências, da música eletrônica, mas também muito baseada na questão dos tambores, da cultura africana. Aí resolvi juntar cantigas populares e composições desses compositores que também fazem essa abordagem, até para deixar algo que pudesse ser atemporal. São grandes caras, e todos eles com uma visão clara e conceitual do universo do sincretismo brasileiro”, analisa.

O CD e o show é, também, um passeio por santos diversos - Oxum, Ogum, Yemanjá, entre outros. Mas, frisa ela, “sem levantar bandeira religiosa”. “Minha proposta partiu de uma pesquisa, nada aleatório. E quando montei esse show quis reproduzir, simbolicamente, o que seria um ritual do terreiro. Mas o meu terreiro musical é aberto a qualquer crença e raça”. Com a energia dos deuses e escudada por sua banda, Cavaleiros de Aruanda, Rita Ribeiro vai com tudo para seu terreiro no Bourbon - e, garante, sem se sentir fora do ninho. “Você não consegue agradar gregos e troianos, mas sempre arrebata uma galera que se identifica. Já estive em muitos lugares diferentes em que tudo parece não estar no contexto, mas está, porque tem sua verdade ali no palco. No fim das contas, a idéia é celebrar, curtir e dançar sem medo de ser feliz”.

Rita Ribeiro. Bourbon Street. Rua dos Chanés, 127 - São Paulo. Terça-feira, às 22h30. Courvert artístico: R$ 30,00. Informações: (11) 5095-6100.




Fonte: AE

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