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Internacional
Quinta - 28 de Junho de 2007 às 04:30

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As relações próximas da Venezuela com a Rússia são um exemplo do esforço do presidente Hugo Chávez para minimizar a influência de Washington no mundo, especialmente na América Latina.

Enquanto em casa Chávez se concentrou em construir uma república socialista, quando o assunto são as relações internacionais seu principal objetivo tem sido pressionar por um mundo multipolar.

O governo em Washington vê Chávez como a principal fonte de instabilidade na América Latina, um papel antes desempenhado pelo líder cubano Fidel Castro.

Mas Chávez sabe que, se quiser enfrentar os Estados Unidos na arena internacional, precisa de amigos.

"Chávez escolheu o que ele chama de parceiros estratégicos da Venezuela. Os mais importantes, até agora, são China, Irã e Rússia. Há outros, como Belarus, mas de menor importância", disse à BBC o analista venezuelano Alberto Garrido.

Chávez chegou à Rússia nesta quarta-feira, em um roteiro que também passa por Belarus e Irã.

Os aliados que Chávez escolheu têm, na melhor das hipóteses, uma relação fria e distante com os Estados Unidos. Mas cada um desses parceiros tem algo único a oferecer à Venezuela.

O Irã tem o conhecimento nuclear, enquanto a China representa um mercado muito atraente para o petróleo venezuelano.

Na Rússia, Chávez encontrou um aliado que não tem nenhum escrúpulo em ignorar a reclamações de Washington e vender armas à Venezuela.

Chávez já comprou caças e armas da Rússia, e agora há rumores de que esteja comprando entre cinco e nove submarinos.

A Venezuela já tentou anteriormente comprar caças do Brasil e da Espanha, mas Washington impediu as vendas porque as aeronaves usavam tecnologia americana.

Os Estados Unidos não temem que a Venezuela possa usar seus caças e submarinos contra alvos americanos, mas sim que essas comprar provoquem uma corrida armamentista na região.

Há também um componente comercial nas ligações da Venezuela com a Rússia que tende a crescer no futuro.

"Estão sendo elaborados acordos entre os dois países, particularmente entre a Lukoil (principal empresa de petróleo da Rússia) e a PDVSA (estatal de petróleo venezuelana). Vale a pena lembrar que a Venezuela abriga a Faixa do Orinoco, que tem a maior reserva de petróleo do mundo", disse Garrido.

Mas, segundo Garrido, o que Chávez realmente busca é a cooperação com a Gazprom, maior produtora de gás do mundo.

"Chávez tem em mente a construção de um gasoduto sul-americano com a Bolívia. E também está discutindo com a Bolívia e a Argentina a construção do Opega-Sur (Organização dos Países Exportadores de Gás da América do Sul). Tudo isso com a assessoria técnica da Gazprom", disse Garrido.

Além do interesse econômico que a Rússia possa ter nos projetos de gás e petróleo da Venezuela, alguns analistas acreditam que Moscou também tem uma agenda política.

Depois do colapso da União Soviética no início da década de 1990, os Estados Unidos se tornaram a única superpotência mundial e expandiram sua esfera de influência sobre o Leste Europeu.

A Rússia, assim como a Venezuela, acredita em um mundo multipolar e está buscando maneiras de reduzir a influência dos Estados Unidos.

"O Kremlin tem um complexo de inferioridade. A União Soviética tinha muitos clientes. A Rússia tem poucos e está buscando mais", disse à BBC o analista russo Alexander Goltz.

De acordo com Goltz, é injusto dizer que a Rússia vê a Venezuela como um aliado principal. É mais provável que seja mais uma carta que Moscou tem na manga em sua queda-de-braço contra os Estados Unidos.

"A Rússia e a Venezuela usam uma à outra. Mas eu diria que a Venezuela tem muito mais a ganhar com essa parceria do que a Rússia", disse Goltz.




Fonte: BBC Brasil

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