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Internacional
Segunda - 25 de Junho de 2007 às 19:15

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Retirada de caminhões e levada por balsas pela terra-de-ninguém entre Israel e a Faixa de Gaza, a ajuda humanitária chega lentamente ao território litorâneo palestino, mas o principal acesso permanece fechado por Israel desde que o grupo islâmico assumiu o controle do território, e entidades humanitárias temem que uma crise se aproxime.

Todos os lados, inclusive Israel, promete permitir que os 1,5 milhão de moradores da Faixa de Gaza tenham acesso a mantimentos essenciais. Mas o entreposto fronteiriço de Karni permanece fechado por razões de segurança, e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU diz que as ligações restantes são tênues.

"O laço está apertando no momento", disse Kirsty Campbell, coordenadora de emergência do PMA em Gaza. "Não há [mantimentos] suficientes entrando. Esperamos que até o final da semana haja. Mas é uma tarefa bastante ambiciosa."

Os preços dos alimentos essenciais subiram entre 33 e 50 por cento, segundo ela, e as autoridades de Gaza estão controlando o fornecimento de farinha para evitar estoques especulativos. Agricultores estão sem insumos, e faltam remédios nos hospitais.

Trabalhadores humanitários dizem que um boicote internacional ao governo do Hamas impede os funcionários públicos de receberem seus salários integrais, agravando a pobreza na Faixa de Gaza.

Desde os confrontos da semana passada entre as facções palestinas, os doadores internacionais retomaram a ajuda à Cisjordânia, sob controle da facção Fatah, mas mantiveram as restrições à Faixa de Gaza, sob comando do Hamas.

A ONG Oxfam diz que o boicote mantém há meses um importante equipamento de saneamento esperando na fronteira, o que pode fazer a atual rede de esgoto transbordar, inundando até 10 mil pessoas e contaminando a água que abastece 300 mil.

"A comunidade internacional está fechando seus olhos às suas obrigações humanitárias e permitindo que o sofrimento se intensifique", disse Jeremy Hobbs, diretor da Oxfam Internacional. "A ajuda está sendo alimentada a conta-gotas pela fronteira. Pedimos aos principais atores que resolvam o que tem sido uma crise completamente evitável."

Ao invés de reabrir Karni, Israel promete levar cerca de 3.000 toneladas de mantimentos para Gaza através de Kerem Shalom e Sufa, entrepostos menores, que são abertos cinco dias por semana. Israel diz que isso basta para evitar uma crise humanitária.

ONGs dizem que o boicote pode tornar os moradores de Gaza mais radicais, mas analistas vêem pouca chance de que os doadores internacionais ajudem o Hamas.

Abbas e a Fatah também querem isolar ainda mais o Hamas, retendo toda a ajuda que não seja essencial, segundo alguns diplomatas ocidentais.

O PMA disse ter conseguido colocar 650 toneladas de comida na semana passada em Gaza e esperava levar a carga de mais 11 caminhões por Sufa na segunda-feira.

O processo é lento. De manhã, um portão no lado israelense é aberto para permitir que os engradados de alimentos sejam descarregados dentro da terra-de-ninguém por empilhadeiras. À tarde, um outro portão se abre, no lado de Gaza, para permitir que a comida seja colocada em caminhões.

Um ataque com foguete feito por militantes de Gaza fechou na segunda-feira o posto de Kerem Shalon, o que segundo a ONU ameaça "a provisão de assistência humanitária vital à população civil" da região.





Fonte: Reuters

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