Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Quarta - 20 de Junho de 2007 às 09:09

    Imprimir


O jornal britânico "Financial Times" publicou, nesta quarta-feira (20), um caderno especial sobre o Brasil, avaliando-o como um "leopardo do crescimento" freado pelo peso do Estado.

Em seis páginas, além de reportagens sobre a situação política e econômica, o diário financeiro mais influente da Europa aborda o vigor do setor privado, exemplificado pela performance da Companhia Vale do Rio Doce, a importância do setor agrícola, o crescimento no setor imobiliário, a maior maturidade dos mercados financeiros e a "transformação" da indústria cinematográfica, entre outros temas.

O "FT" enfatizou a discrepância entre o papel do setor privado no crescimento e modernização da economia brasileira em relação ao setor público, cujo tamanho e custo limitam uma performance ainda melhor. "Dois motores. Dois Brasis", disse o diário britânico.

Um desses mundos, afirma o jornal, é o "muito competitivo internacionalmente e produtivo das grandes companhias brasileiras, especialmente aquelas envolvidas em crescentes mercados de exportação, irradiando um desenvolvimento e criação de empregos do estilo chinês". O outro "é o mundo câmera lenta do setor público". Esse mundo, observou o jornal, "é aquele no qual o Estado é o grande provedor, onde oportunidade e avanço estão ao alcance daqueles que estão próximos do poder".

Estabilidade inédita

O "FT" afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao manter as políticas macroeconômicas liberais introduzidas na década de 90, tem presidido ao longo de um inédito período de estabilidade e avanço para os pobres. A inflação baixa, os programas de transferência de renda para os pobres, o boom das exportações e as condições econômicas globais extraordinariamente benignas tornaram Lula "o mais popular presidente brasileiro" da história. Segundo o FT, o vindouro boom nos biocombustíveis deverá representar um novo choque positivo para o Brasil.

Ao mesmo tempo, disse o jornal, um sistema tributário complexo, a enorme burocracia, pensões do setor público "custosas e injustas" e leis trabalhistas "extremamente rígidas" prejudicam a eficiência econômica e restringem o crescimento a taxas bem abaixo daquelas necessárias para lidar com as necessidades sociais e melhorar uma infra-estrutura física deficiente. O FT observou que o presidente Lula mostra relutância em embarcar em reformas politicamente custosas.

Setor privado força a mudança

O jornal observou que na visão de Wall Street ou das diretorias das "impressionantes" instituições financeiras brasileiras, o dinamismo do setor privado está forçando o ritmo de mudança. Mas “pode haver limites sobre o quão longe o setor privado poderá empurrar a economia por si mesmo”. Uma das preocupações é o recente crescimento no consumo. Essa tendência poderá levar os consumidores a um limite de endividamento, e o remédio para isso será um aumento da renda.

As limitações na infra-estrutura, segundo o FT, é uma preocupação ainda mais urgente. "Atrasos burocráticos e uma estrutura regulatória confusa atrasaram investimentos em energia", disse. “Muitos economistas alertam sobre a possibilidade de uma nova crise energética do tipo que abalou o governo de Fernando Henrique Cardoso em 2002".

Uma solução seria estimular o investimento privado em infra-estrutura. "Mas o governo de Lula - que ganhou a eleição em parte por capitalizar o sentimento generalizado antiprivatização - às vezes parece desconfiado do capital privado nessa área", disse. "Mas a menos que o governo reforme o setor público, é improvável que tenha os recursos para resolver esses problemas".





Fonte: G1

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/220762/visualizar/