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Economia
Terça - 05 de Junho de 2007 às 12:47

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O megainvestidor George Soros afirmou nesta terça-feira que se considera um "especulador" ao investir em etanol no Brasil, devido principalmente aos entraves ainda existentes neste mercado.

O biocombustível de cana, especialmente o produzido no Brasil, tem um potencial enorme para substituir combustíveis fósseis no mundo, mas sua expansão ainda esbarra, por exemplo, nas barreiras tarifárias de outros países, disse.

"Percebi que a palavra especulador tem uma conotação muito ruim no Brasil, mas tenho que confessar que sou um especulador ao investir em etanol porque tem muitos problemas que vocês precisam resolver para fazer o investimento na área realmente viável", afirmou Soros durante apresentação no Ethanol Summit, evento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

A Adeco, empresa da qual Soros é um dos principais acionistas, está investindo em usinas de cana em Estados como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, além de manter atividades em outras culturas agrícolas.

Soros destacou que o álcool de cana é "bem mais eficiente" que o de outras fontes e que o Brasil "está muito bem situado" na indústria mundial.

"Isso me levou a me interessar por etanol, achar parceiros e investir um dinheiro significativo no Brasil", afirmou ele a uma platéia de produtores e agentes do mercado de álcool. Ele acrescentou que não se sentia em posição de discutir soluções para os problemas, sem entrar em detalhes. Um deles seria o "marco regulatório."

"O Brasil tem capacidade para aumentar a produção de etanol em dez vezes, mas o ambiente regulatório não permite isso. Há vários assuntos que tem de ser resolvidos. E não estou em posição para discutir como, porque não conheço, mas conheço o suficiente para especular que esses temas serão resolvidos", afirmou.

Ele citou que o mercado brasileiro de álcool deve sustentar o crescimento mais lento do mercado externo, mas disse que a "oportunidade real" está em fornecer etanol para o resto do mundo.

"E aí você tem obstáculos, tarifas proibitivas mesmo que não chamadas de tarifas", afirmou ele, citando ainda como uma das dificuldades a criação de um ambiente para ter preços relativamente estáveis. "Isso vai dar bastante trabalho", concluiu.

Ainda em seu discurso, num painel sobre aquecimento global, o investidor citou como um dos problemas mais graves nessa área a geração de energia com carvão, que vem se expandindo em países como Estados Unidos, China e Índia.

Como não há substituto tão competitivo para o carvão, ele frisou que a solução será extrair carbono de seu conteúdo, embora não haja tecnologia pronta para isso e seu desenvolvimento seja caro.

A fala de Soros foi precedida pela do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele lembrou o período em que defendeu a industrialização do País como caminho de desenvolvimento, e disse que os conceitos de crescimento mudaram desde então.

"O momento em que vivemos é completamente diferente. Hoje ao propor desenvolvimento também temos que considerar as questões ambientais", disse ele.

Cardoso também elogiou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua visita à Índia, ao assumir resposabilidade na luta contra o aquecimento global - o que antes era deixado exclusivamente para países desenvolvidos.





Fonte: Reuters

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