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Nacional
Sexta - 25 de Maio de 2007 às 23:33

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BRASÍLIA - Líderes partidários no Congresso cobraram nesta sexta-feira, 25, que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), esclareça as denúncias publicadas pela revista Veja de que teria despesas pessoais custeadas por lobista que trabalha para empreiteira Mendes Júnior. Os deputados defenderam o afastamento de Renan do cargo de presidente do Senado e do Congresso, caso suas explicações não sejam convincentes e ele não consiga provar sua inocência. O suposto envolvimento de Renan no episódio reforça a criação de uma CPI mista, com deputados e senadores, para apurar desvio de recursos em obras públicas.

O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), comentou que a situação de Renan "não é nada agradável" e que preferia crer que as denúncias não são verdadeiras. "Cada um tem de avaliar as suas circunstâncias e responsabilidades. Evidentemente, qualquer homem público tem como parte essencial da sua atividade o diálogo com a sociedade. Creio que o presidente do Congresso já está fazendo isso", disse Chinaglia. E acrescentou: "Cabe a ele (Renan), eventualmente, dar explicações. Não posso falar daquilo que não sei".

Para o líder do DEM, deputado Onyx Lorenzoni (RS), o presidente do Senado tem, antes de mais nada, esclarecer detalhadamente o episódio e comprovar que as denúncias são falsas. "Se, eventualmente, as denúncias se confirmarem, o caso fica grave, e o caminho é o afastamento de Renan da presidência do Senado e do Congresso. Não temos compromisso com o erro", afirmou Lorenzoni. "É importante ter prudência. Precisamos confirmar se essas denúncias são verdadeiras. Mas na medida em que elas forem confirmadas, a situação toma outra dimensão", emendou o democrata.

Cautela

Mais cauteloso, o líder do PSDB, deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP), observou que Renan Calheiros tem "direito à defesa" e o dever de explicar as acusações. "Se ele (Renan) comprovar que as denúncias veiculadas não têm procedência, cabe a ele adotar medidas jurídicas contra a publicação", disse o tucano. "Mas se ele não conseguir comprovar a improcedência dessas denúncias, espera-se dele uma posição de resguardar a instituição, o Congresso Nacional", completou Pannunzio. "Mas sem ouvir antes as explicações dele (Renan), é difícil se fazer uma afirmação sobre o seu afastamento ou não da presidência do Senado."

O líder do PSol, deputado Chico Alencar (RJ), foi mais enfático. "Ou ele (Renan) demonstra em 24 horas que é tudo uma grande invenção, uma farsa, com provas contundentes de que a denúncia é infundada, ou ele tem de deixar a presidência do Senado e, conseqüentemente do Congresso, até que tudo seja apurado", afirmou. Na avaliação de Alencar, é insustentável que o presidente do poder Legislativo fique sob suspeição. "Não é da conta de ninguém a vida pessoal dele (Renan). O problema é uma pessoa no exercício da atividade pública ser bancada por pessoas com interesses diretos em negócios do Estado", argumentou. Segundo a revista Veja, o lobista da Mendes Júnior Cláudio Gontijo seria o responsável pelo pagamento do aluguel e de pensão alimentícia para a jornalista Mônica Veloso, mãe de uma filha do senador Renan Calheiros.

Cenário O presidente do Senado preside, constitucionalmente, o Congresso Nacional. A avaliação de lideranças partidárias é que o eventual afastamento de Renan Calheiros do cargo vai depender da pressão da mídia nos próximos dias. Também é considerada fundamental para o futuro de Renan a reação dos parlamentares, tanto dos senadores quanto dos deputados. Se a autoridade de Calheiros for desafiada com discursos nos plenários, por exemplo, a permanência do senador no cargo poderá ficar insustentável, ponderam lideranças na Câmara. Essa temperatura parlamentar poderá ser melhor medida a partir de terça-feira, porque a denúncia encontrou o Congresso já esvaziado por causa do final de semana.




Fonte: Estadão

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