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Economia
Quarta - 23 de Maio de 2007 às 18:55

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BRASÍLIA - Satisfeito com o desempenho da economia brasileira, o representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Júnior, disse hoje que a taxa de câmbio ainda é um ponto que destoa do quadro geral positivo. "O câmbio está muito valorizado", disse. Ele está no Brasil acompanhando uma missão técnica do FMI, que hoje esteve com os diretores e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. À tarde, o grupo se reuniu com técnicos da Receita Federal do Brasil. Nesta quinta, 24, deverá encontrar-se com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Embora tenha avaliado que o câmbio é um "ponto fora da curva", Nogueira evitou detalhar sua opinião e recomendou que os jornalistas lessem o artigo que escreveu na semana passada no jornal "Folha de S. Paulo". "O que eu tinha a dizer sobre câmbio está em artigo publicado na semana passada", disse.

No artigo ao qual se referiu, ele faz uma análise da valorização do real, sugere uma queda mais acelerada das taxas de juros e lança uma proposta polêmica: adotar controles que desestimulem o ingresso de capitais externos especulativos ou de curto prazo. Ele defende, ainda, que o governo evite adotar metas "ambiciosas" de inflação, medida que deveria ser acompanhada de mudanças em alguns aspectos no sistema de metas, que não define quais.

"A taxa de juro no Brasil continua fora dos padrões internacionais e contribui poderosamente para impulsionar a valorização do real", afirma o economista identificado com o pensamento desenvolvimentista e conhecido crítico da política de juros praticada pelo Banco Central.

Medidas

A valorização do real, de acordo com o representante do Brasil no FMI, também poderia ser contida com a imposição de restrições ao ingresso de capitais externos de curto prazo no País. "Sempre existe a possibilidade de erguer barreiras tributárias e de outra natureza contra a entrada de capitais especulativos ou de curto prazo", afirma no artigo.

Apesar disso, ele ressalta que não é recomendável o abandono do regime de câmbio flutuante. No primeiro governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Nogueira se notabilizou como um dos principais críticos da política de câmbio fixo conduzida pelo então presidente do BC, Gustavo Franco.

Na visão dele, o câmbio valorizado pode provocar uma "erosão gradual" das contas externas do País. "Essa erosão só não é mais rápida porque o contexto econômico mundial ainda é (até quando?) muito favorável", diz. Para o economista, a taxa de câmbio excessivamente valorizada tende a prejudicar o nível de atividade das indústrias. "Ela deprime, como se sabe, a competitividade das exportações e estimula a substituição de produção nacional por importações." O real forte, na opinião do representante do Brasil no FMI, também pode encarecer os custos de investimentos estrangeiros produtivos e provocar a saída de empresas estrangeiras para outros países com "condições cambiais mais favoráveis".




Fonte: Estadão

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