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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Segunda - 21 de Maio de 2007 às 15:54

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O produtor é o que mais tem sofrido na cadeia produtiva de grãos do país nas últimas safras com a volatilidade do dólar, segundo o presidente da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso).

Isso porque o produtor tem dificuldade de repassar o aumento dos custos para o preço do produto. "O produtor rural é o que mais perde nessa cadeia, porque ele é a ponta. Todo mundo vai repassando custos e ele, que está na ponta, tem que ficar com esse custo."

Grande parcela destes custos vem da compra de fertilizantes, cujo preço é cotado em dólar, como as commodities. "Os custos de fertilizantes subiram de 30% a 50%, em média, nestes últimos seis meses. Isso representa quase 40% do total da produção", afirmou.

Para Prado, o problema maior não é o patamar nominal do dólar, mas a diferença entre a cotação da divisa no momento em que o produtor assume os custos e aquele em que ele vende a produção.

"Perdemos muito com isso. Já estamos na terceira safra em que tomamos os custos com o dólar a um patamar mais alto do que no momento em que vendemos a produção."

O dólar comercial caiu abaixo dos R$ 2 na semana passada e permance inferior a esse patamar. Hoje, a divisa norte-americana oscila em torno de R$ 1,94.

Logística

A questão de logística é outro fator que tem impacto sobre os custos dos produtores rurais. Para o diretor da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), Sérgio Mendes, o dólar baixo prejudica, principalmente, aqueles que estão localizados em regiões mais distantes dos portos de escoamento, como os do Centro-Oeste do país.

Segundo ele, o custo do frete por tonelada de grãos produzidos nessa região chega a ser US$ 30 mais caro do que os praticados na Argentina --país vizinho ao Brasil e um dos principais concorrentes na produção de soja.

"Enquanto a distância média do frete brasileiro é de 1.000 a 1.100 quilômetros, na Argentina a distância percorrida é de 200 a 250 quilômetros. Somando o frete à desvalorização cambial, fica quase impossível produzir e ampliar essa produção", explica Mendes.

A tendência, segundo Mendes é que o produtor se previna com o câmbio. "Isso significa vender rápido a produção, uma vez que a tendência para o dólar continua sendo baixista", afirmou.

Outra opção, na avaliação do diretor da Anec, seria segurar a produção, à espera dos resultados da safra norte-americana. "Com o aumento da produção de milho nos EUA voltada para o biocombustível, poderia haver uma demanda maior pela soja brasileira e um aumento de preços. No entanto, isso só ocorreria mais para frente e acredito que, nesse momento, o produtor está optando por minimizar seus prejuízos", explicou.

Mendes afirmou ainda que uma queda nos juros ajudariam o produtor. "Se os juros caíssem mais rapidamente para um patamar mais realista, poderia haver uma minimização dos efeitos cambiais", avaliou.

O presidente da Aprosoja-MT, acrescentou que a situação está cada vez mais insustentável para o produtor e que o momento é de "muita cautela".

Alta das commodities

Apesar dos efeitos conjunturais negativos, como aumento dos custos e queda do dólar, a produção e as exportações brasileiras continuam crescendo.

Segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a safra de grãos brasileira de 2007 deve atingir produção recorde de 132,3 milhões de toneladas, cerca de 13% superior a de 2006, que foi de 117 milhões de toneladas.

Nas projeções da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), as exportações do complexo soja --grãos, farelo e óleo--, por exemplo, devem atingir 41,4 milhões de toneladas em 2007, contra 39,2 milhões de toneladas em 2006.

"Isso reflete também uma concentração. Como se ganha muito pouco por hectares, têm que se fazer uma economia de escala. Com isso, os grandes produtores arrendam a terra dos pequenos e a produção não diminui", disse Prado.

Além disso, a alta das commodities no mercado internacional ainda está compensando a queda do dólar em relação ao real, segundo Fábio Trigueirinho, secretário-executivo da Abiove.

"Os preços [das commodities] lá fora estão bons. Estamos trabalhando, por exemplo, com a projeção de soja em grão a US$ 275 por tonelada. No ano passado, nós fechamos os dados oficiais do governo a US$ 227. Então, o preço está cerca de 20% acima do que foi o ano passado."





Fonte: Folha de S.Paulo

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