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Politica Brasil
Domingo - 20 de Maio de 2007 às 08:09
Por: SONIA FIORI

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Nome: José Carlos Junqueira de Araújo Nascimento: 06/02/1959 Naturalidade: Londrina/PR Formação: Engenheiro Civil; Matemático; Formado em Inglês com especialização nos Estados Unidos; oficial R/2 do Exército Brasileiro; atualmente faz pós-graduação em Gestão Pública Esposa: Neuma de Moraes Três filhos: Carlos Vinícios de Moraes Junqueira de Araújo (15 anos); Marcelo de Moraes Junqueira de Araújo (14 anos); Matheus Henrique de Morais Junqueira de Araújo (11 anos)

Reeleito com 42.277 votos no pleito de 2006, o deputado estadual José Carlos do Pátio (PMDB) é dono de um perfil, no mínimo, polêmico. Um dos militantes mais tradicionais do PMDB, Pátio possui sua base eleitoral no município de Rondonópolis. Na cidade, deverá ser lançado como o candidato do partido à prefeitura tendo como principal adversário o atual prefeito, Adilton Sachetti (PR).

Apesar das já previstas projeções para o pleito de 2008, Pátio é cauteloso ao deixar claro que a decisão da escolha do nome do candidato pertence ao PMDB. Reconhecido no meio político pelo tom crítico, o parlamentar agora acentua o discurso exigindo do partido uma posição em relação ao governo do Estado.

Descontente com o tratamento dispensado à legenda na administração estadual, representada apenas pelo vice-governador Silval Barbosa (PMDB), a sigla ensaia um possível rompimento com o governador Blairo Maggi (PR). O deputado defende a posição de “independência” do partido.

Se for ouvido pela legenda, terá caminho aberto para emplacar seu projeto político, já que o PMDB ainda pertence ao rol de siglas da base de sustentação de Maggi. Otimista, não descarta a chance de vir a obter o apoio do governador para as eleições de Rondonópolis. A aposta de Pátio é numa posição isolada do chefe do Executivo estadual em relação à disputa em Rondonópolis. O discurso com vistas ao pleito de 2008 já começou. O deputado não poupa críticas à gestão de Sachetti e estende as avaliações ao governo estadual.

As observações aumentam quando o assunto em questão é relacionamento do governo com os partidos. Para o deputado, o governo erra quando se distancia das legendas. A posição do deputado vai contra a postura adotada pelo líder da bancada na Assembléia Legislativa, deputado Adalto de Freitas (PMDB).

Diário de Cuiabá - O senhor é candidato à prefeitura de Rondonópolis?

José Carlos do Pátio - O partido está discutindo um programa de governo e vai decidir a candidatura própria no segundo semestre deste ano. Eu quero aqui dizer que eu não sou filho de pai assombrado. Se o partido nos convocar, nós seremos candidatos. Mas isso vai ser uma segunda discussão. Hoje, nós estamos discutindo o programa de governo do partido para Rondonópolis.

Diário - O senhor, como presidente do partido em Rondonópolis, pensa em alguma possibilidade de vir até a apoiar o prefeito Adilton Sachetti?

Pátio: Não. A decisão do partido é candidatura própria. Nós estamos construindo o projeto de candidatura própria em Rondonópolis e em vários municípios do Estado. O partido está construindo um projeto para 2008 e 2010.

Diário - Como o senhor avalia a gestão do prefeito Adilton Sachetti?

Pátio - Eu acho que é uma administração desarticulada. Ele tem pouca relação em Brasília com os ministérios e com os Poderes Constituídos. Não se impõe junto ao governo do Estado para exigir o que é de direito do município de Rondonópolis. Tem pouco diálogo com a sociedade, que também não participa da gestão pública. Rondonópolis não é uma empresa, é uma cidade de todos e nós temos que administrar para todos.

Diário - O prefeito Adilton Sachetti venceu as eleições com cerca de 30% dos votos. Portanto, com uma oposição maior. Pesquisa recente demonstrou que a avaliação da gestão do prefeito pela sociedade melhorou. Como o senhor analisa esse quadro?

Pátio – Faltou a rejeição e também você não pode fazer uma pesquisa onde tem dois candidatos do mesmo partido. Na mesma pesquisa tava o Wellington e ele e os dois são do mesmo partido, do PR. Ou vai ser ele ou vai ser o Wellington. Então, a pesquisa deveria ter medido a pessoa do Wellington ou a pessoa do Sachetti. Porque eles estão unindo todos os grupos políticos contra a candidatura do PMDB. Eu coloquei um pouco de dúvida sobre os encaminhamentos da pesquisa. O preponderante que eu vi na pesquisa é a questão da pesquisa estimulada, quando você coloca as duas candidaturas. Daí nós aparecemos com 53% e ele apareceu com 29%. Então, isso demonstra a verdadeira realidade hoje na cidade de Rondonópolis. A sociedade quer um novo modelo de gestão para a cidade de Rondonópolis. Quanto à candidatura, o partido vai definir lá na frente, mas a sociedade quer uma nova alternativa de gestão pública na cidade.

Diário - Se lá na frente o senhor for candidato e o prefeito Adilton Sachetti for seu adversário, o senhor teme o apoio vindo do governo do Estado?

Pátio - Se o PMDB eleger o prefeito de Rondonópolis, eu vejo que o partido vai se impor mais junto ao governo. Uma coisa é você ser eleito e ter uma postura de estadista. Outra coisa é você eleger e ficar devendo favor. Quando você elege devendo favor para o governador você não sabe nem cobrar, nem exigir aquilo que é de direito da cidade. É o que está acontecendo em Rondonópolis. As principais obras feitas na cidade foram feitas pelo PMDB.

Diário - Mas nesse ponto do apoio do governador, o senhor não teme o peso da força política?

Pátio - Não. Até porque o Percival era prefeito e não fazia parte da base do governador Dante, e na época ele se impôs. Como prefeito, exigiu aquilo que era de direito de Rondonópolis e o governador Dante fez.

Diário – E o apoio que o prefeito Sachetti tem do governador?

Pátio - Eu não acredito que o governador Blairo Maggi vai entrar nessas eleições. Até porque o PMDB o apoiou nas últimas eleições para o governo. Mesmo com minha aposição contrária, o partido teve um papel importante na administração dele. Acho que vai ficar numa posição de certa distância desse projeto. Eu acredito que a disputa vai ser realmente debatendo temas e projetos para a cidade de Rondonópolis.

Diário - O senhor endureceu no discurso em relação ao governo Maggi. Tem a ver com a questão da participação do partido no governo?

Pátio – Primeiro, eu não sou homem de governo. Estou no meu sexto mandato. Desses mandatos acho que só uma vez fui governo. Não morro de paixão por causa de cargo, por causa de governo. A minha posição é ideológica é política. Como eu não havia apoiado essa coligação, eu esperei seis meses analisando o partido para ver como iria se posicionar. Estou sentindo que o partido aos poucos está comprometendo sua identidade em detrimento da gestão. Eu estou cobrando do PMDB que ele se posicione, porque um partido tem que ter coluna vertebral, tem que ter postura política. Tem que se preocupar com seu projeto e eu estou preocupado com o PMDB se descaracterizar.

Diário - O senhor não está contente com a gestão ou com o tratamento dispensado à Assembléia Legislativa?

Pátio - Quando eu critiquei foi porque ele primeiro colocou publicamente que iria indicar o vice-governador para ser chefe da Casa Civil. Depois falou que iria indicá-lo para a Educação e depois para a Sinfra. Veja bem, para mim o problema não é cargo. O problema é o respeito ao líder que nós temos. Nós temos um vice-governador que tem que ser respeitado. Daí ele fica como joguete, isso é ruim para a imagem do partido. O PMDB é uma instituição independente do governo. Então acaba envolvendo o governo e as pessoas e ficam caçoando do partido. Eu estou exigindo que haja uma posição, que o partido tenha postura, se posicione, que vá para uma independência.

Diário - Como o senhor avalia o segundo mandato Blairo Maggi?

Pátio - Eu estou achando que o governador tem que conversar mais com as instituições partidárias. Fazer mais política, discutir com os partidos. Acho que o governador ampliou demais o leque dele e tem que administrar isso. O presidente Lula está sabendo conduzir isso aí com muita competência. Está conversando com os partidos, está se fortalecendo. Ampliou o leque, mas está fazendo política. Ele está fazendo articulações políticas. Se você quer ser governo, é importante destacar isso. Ser governo é você participar do governo, não é assistir ao governo. Eu dou o exemplo do projeto da polícia. Ele manda o projeto e você é da base do governo e tem que votar desse jeito, só aumentando para os oficiais. E os praças? Eu quero ser governo a partir do seguinte momento: que eu discuto lá os projetos e eles vêm discutindo dentro de uma consciência bem ampla. Olha, vamos fazer esse tipo de encaminhamento e daí a gene vem votar. Eu quero participar das discussões, senão não vale a pena. Não é assim as coisas virem prontas para a gente votar do jeito que acha. Eu não sou desse jeito, eu não consigo ser desse jeito.

Diário - Não seria complicado ser candidato caso o PMDB continue na base do governo?

Pátio - Primeiro, o partido ainda não me indicou como candidato a prefeito. Eu não quero misturar a questão de Rondonópolis com a questão política aqui. Estou preocupado com o meu partido nesse momento, porque temos que construir um projeto para o partido em 2008 e 2010. A questão de Rondonópolis é conseqüência da condução do partido. Eu estou conduzindo o partido e no momento certo nós vamos definir. Mas eu não quero misturar uma coisa com a outra. Uma coisa é o PMDB em nível de Estado, outra cosia é o projeto nosso no município de Rondonópolis. Eu quero que você separe bem essa questão. Independente de qualquer coisa, o partido tem projeto para Estado, por isso estou preocupado. E o partido tem projeto para Rondonópolis.

Diário - A questão dos subsídios dos policiais. Como o senhor está vendo o tratamento dado pelo Estado?

Pátio - As coisas começaram erradas. O governador fez um compromisso pessoal com os oficiais que iria mandar um projeto para aumentar o salário deles. Essas coisas têm que ser discutidas com toda a categoria, não se pode discutir com parte da categoria. Interessante é que os três projetos que o governador mandou, são projetos que avançam os interesses da polícia. Só que esse do aumento salarial só para oficiais compromete um outro setor da categoria. Tem muitos avanços, muitas conquistas, eu não vou negar. Mas antes de mandar um projeto tem que ter muito cuidado. Você não pode aumentar um setor em detrimento do outro. Você tem que ter uma conversa interna para as coisas irem para o parlamento bem encaminhadas.

Diário - O PMDB está dividido na bancada. Como analisa isso?

Pátio - Nós temos que ter decisão institucional. Eu não sou dono da verdade e outros colegas da bancada também não são. Mas aquilo que nós tivermos encaminhamento partidário nós temos que tomar. Acho que o partido tem que nos ouvir mais. Eu estou cobrando da cúpula do PMDB uma posição. Eu sou deputado, fui o terceiro deputado mais votado de Mato Grosso, tirei 42.277 votos. Estou no meu sexto mandato só dentro do PMDB e fui líder da bancada várias vezes. Fora os seis mandatos, ainda fui três vezes secretário municipal. Participei de nove cargos dentro do partido e tenho história dentro do PMDB. O partido tem que me ouvir e tem que se posicionar.

Diário - Chegou a conversar com o deputado Adalto, que fez críticas ao senhor?

Pátio - Eu não vou responder ao deputado Adalto de Freitas, até porque ele está começando agora, é jovem. Mas eu estou preocupado com o partido. Ele vai ter a leitura certa na hora certa.

Diário - O senhor defende que o partido tenha candidatura própria na maioria dos municípios, mesmo nas cidades que terão candidatos apoiados pelo governador?

Pátio - Lógico. Nós temos que ter candidato em Cuiabá, em Barra do Garças, em Rondonópolis, em Sinop, em Cáceres... Nas cidades-pólo e em todos os municípios do estado de Mato Grosso. O nosso projeto é esse, aliás, muitos não estão sabendo, mas estamos reunindo a Executiva do PMDB e onde tem comissão provisória estamos exigindo que forme o partido. Nós estamos construindo diretórios em todos os municípios de Mato Grosso. Em cima desse encaminhamento, nos 141 municípios, cerca de 90%, vamos ter candidatura própria.

Diário - O senhor defende hoje uma candidatura própria do partido em 2010?

Pátio - Eu vejo que o partido tem cenário para candidatura própria. Vai depender da movimentação política, conforme a postura política das lideranças nossas. Eu volto a colocar que o partido tem várias lideranças e isso vai depender da movimentação política do partido. Qual vai ser a tendência do partido, por isso que as lideranças do PMDB terão que ter muito cuidado para se posicionar a partir de agora. Porque conforme a posição política das lideranças pode ser a candidatura majoritária nossa.

Diário - E os nomes, já teria alguma proposta, o próprio vice-governador Silval é uma boa sugestão?

Pátio - A própria bancada nossa estadual tem deputados de reconhecida expressividade. Nós temos o próprio vice-governador Silval, o próprio Carlos Bezerra. Nós temos lideranças. O partido, para você ter uma idéia, fez os deputados mais votados nas cidades-pólo. Em todas as cidades-pólo a votação mais positiva foi dos deputados. Agora, vai depender da postura de cada um. A militância está exigindo um projeto partidário.




Fonte: Diário de Cuiabá

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