Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Quarta - 18 de Abril de 2007 às 10:37

    Imprimir


Como desativar a bomba relógio chamada Previdência Social? As projeções indicam que, se as atuais regras das aposentadorias e pensões forem mantidas, em um futuro próximo o país não terá como pagar a conta do déficit previdenciário.

Especialistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fizeram uma pesquisa em 20 países das Américas, Europa e Ásia. Segundo eles, ficaram ainda mais evidentes as distorções do sistema brasileiro e a necessidade de mudanças imediatas.

Seis mulheres, todas acima de 70 anos, são viúvas, aposentadas ou pensionistas do INSS. Elas recebem, por mês, entre um e dois salários-mínimos. Para viver, todas contam com a ajuda dos filhos.

“Quando eu me aposentei, eu ganhava cinco salários. Depois, desvincularam a aposentadoria do salário, e aí ficou essa maravilha”, comentou a secretária aposentada Nice Cavalcanti.

Elas são de uma geração que se aposentou na faixa dos 45 anos, em um tempo em que as mulheres tinham menos oportunidades de trabalho e recebiam salários mais baixos. É uma geração que pagou por muitos erros do sistema previdenciário.

Hoje, o Brasil gasta R$ 180 bilhões para pagar 25 milhões de aposentadorias e pensões. Mas a grande maioria – mais de 58% dos segurados – recebe no máximo um salário-mínimo por mês, enquanto menos de 1% recebe mais de 20 salários-mínimos.

Além disso, funcionários públicos têm aposentadoria integral. Políticos contribuem por menos tempo que qualquer trabalhador. Magistrados chegam a ganhar até R$ 40 mil mensais depois de aposentados.

“As regras de acesso é que são generosas: pessoas jovens se aposentando. É generoso, não tem no mundo. Ninguém se aposenta com 40 anos em qualquer lugar do mundo, mas no Brasil se aposenta com 42, 43 ou 45 anos”, afirma o pesquisador do Ipea, Paulo Tafler.

De acordo com o estudo do Ipea, um país como o Brasil, em que a expectativa de vida e a população de idosos aumentam a cada ano, a Previdência – que já trabalha hoje com um enorme déficit – caminha para a total inviabilidade. Trata-se de uma conta que, se nada for feito, vai ficar novamente para as próximas gerações.

O economista do Ipea, Paulo Tafler, diz que não dá para mexer no passado, mas daqui para frente é preciso mudar, como outros países já fizeram. Ele cita um exemplo.

“Um casal prestou concurso. Os dois são muito bons e entraram no Ipea. Um ano depois, o jovem perdeu o acidente e morreu. Essa jovem tem 28 anos vai receber o salário e a pensão do marido. Não tem nenhuma razão de fazer isso. Não faz o menor sentido isso. Não tem nem filho. Antigamente, a viúva recebia porque, primeiro, a mulher não trabalhava. E segundo: se ela não recebesse, a família morria de fome, a prole morria de fome”, observa o economista do Ipea, Paulo Tafler.

Na maioria dos países pesquisados, o sistema de Previdência é igual para todos: não diferencia uma ou outra categoria funcional. Com a vida mais longa, a idade obrigatória para se aposentar é depois dos 60 anos. Os governos desses países usam recursos, que aqui cobrem os rombos da Previdência, em investimentos.

“Tem que se olhar, na média, como isso se comporta e começar fazer ajustes pequenos para que, no futuro, não sobre um pepino para os nossos filhos e netos. Ou a gente começa a fazer algum ajuste hoje ou então a gente está condenando a geração sucessora a ser prisioneira. E quais são as conseqüências sociais disso? Eu não sei”, finaliza o pesquisador do Ipea, Paulo Tafler.





Fonte: G1

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/231785/visualizar/