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Economia
Sábado - 14 de Abril de 2007 às 14:16

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No dia em que o dólar atingiu a menor cotação desde fevereiro de 2001, o Banco Central deu um sinal claro de que ficará mais imprevisível em suas atuações no mercado de câmbio e poderá ser mais agressivo para conter o tombo do dólar. Em curto comunicado divulgado nesta sexta-feira, após o fechamento do mercado financeiro, o BC anunciou que não avisará mais com um dia de antecedência que fará operações de "swap cambial reverso". Essas operações funcionam como uma espécie de compra de dólares por parte do BC, só que sem envolver dinheiro vivo. Quando realiza o swap, o BC fica, como contrapartida de sua posição credora em dólar, devedor em taxa de juros. Até esta sexta, o BC só vinha fazendo operações para cobrir os vencimentos e elas eram sempre anunciadas com um dia de antecedência.

"O Banco Central do Brasil comunica que, dando continuidade à política de fortalecer a capacidade do país de resistir a choques, e tendo por objetivo adequar suas atuações às condições prevalecentes no mercado de câmbio a cada momento, os leilões de swap reverso deixarão de ser necessariamente anunciados no dia anterior à sua realização", diz o comunicado do BC. A autoridade monetária não quis dar mais explicações sobre o assunto, alegando que o comunicado "auto-explicativo" era direcionado especificamente ao mercado e não para o restante da sociedade.

Imprevisibilidade

Na visão de analistas econômicos, o recado implícito no comunicado é de que, além da maior imprevisibilidade, o BC deverá ampliar sua atuação no mercado de câmbio, deixando de apenas fazer a rolagem dos swaps que vencem e colocando mais instrumentos desse tipo no mercado - ou seja, ampliando sua atuação compradora.

Dessa forma, as intervenções no mercado à vista, que vêm sendo cada vez mais agressivas (só ontem, segundo apurou a Agência Estado, as compras teriam ficado em US$ 1,5 bilhão), seriam reforçadas pelo uso mais freqüente e imprevisível dos swaps. Assim, com o BC mais agressivo no lado comprador, a moeda norte-americana poderia reverter o movimento acelerado de desvalorização ante o real.

Embora tenha sido assinada pelo diretor de Política Monetária, Rodrigo Azevedo, cuja saída foi anunciada esta semana, a medida reforça a interpretação de que a substituição pelo operador Mário Torós marca o início de uma fase de mais sofisticação da atuação do BC no mercado de dólar, com menos previsibilidade.

Em entrevista ao Estado durante a semana, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Aloizio Mercadante, havia defendido uma postura menos previsível do BC, de modo a aumentar o risco para o mercado e conter a especulação que levou à queda no dólar. Para o economista, Carlos Thadeu de Freitas, apesar de ir na direção correta, já que o BC andava excessivamente previsível, a medida é apenas paliativa e não vai mudar a tendência do dólar. "O BC estava fazendo tudo dentro do programado. Não digo que ele tinha de surpreender, mas não precisava ser tão previsível", afirmou. Para ele, o BC está comprando muitos dólares para ganhar tempo para que a moeda não chegue tão rapidamente ao nível de R$ 2.





Fonte: Estadão

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