Bezerra propõe debate sobre auto-hemoterapia

O deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT) tomou a iniciativa em promover o debate na Câmara sobre o método terapêutico de estímulo imunológico da auto-hemoterapia. Em requerimento, Bezerra pede que a Comissão de Seguridade Social e Família convoque especialistas da área médica e analise a possibilidade de se implantar o tratamento alternativo no setor público de saúde do país.

A Comissão, por sugestão do deputado Bezerra, deverá convidar o médico Luiz Moura, do Rio de Janeiro, tido como o maior especialista do assunto no Brasil, para a primeira palestra a ser realizada na Câmara. Posteriormente, deverão ser convidados representantes da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Conselho Federal de Medicina (CFM), e Associação Brasileira de Medicina Complementar (ABMC).

A técnica da auto-hemoterapia sofre resistência por parte da classe médica, mas vem sendo utilizada por muitas pessoas em todo o país. "Pelo que temos conhecimento, a auto-hemoterapia, como tratamento alternativo, complementar à medicina tradicional, poderia contribuir em muito para a melhoria da saúde pública", defende Bezerra.

Bezerra lembra que as opiniões são divergentes entre autoridades de saúde. A Anvisa alerta sobre possíveis riscos do tratamento; o doutor Luiz Moura, que adota a terapia há mais de 50 anos, afirma que não há nenhuma contra-indicação; e, enquanto o Conselho Federal de Medicina condena, ao mesmo tempo considera a atividade um ato clínico que só deve ser realizado por médicos.

"O que não pode é permanecer essa situação. A população precisa de um direcionamento, e é esse o nosso objetivo com essa iniciativa na Câmara: convocar autoridades e a sociedade para o debate", disse Bezerra.

O método

A auto-hemoterapia é um tratamento descoberto empiricamente em 1912 por um professor médico da Universidade de Paris.

A técnica é simples: a cada semana retira-se o sangue de uma veia do paciente e, em seguida, aplica-se no músculo do braço ou nádega, sem nada acrescentar ao sangue. O volume retirado varia de 5ml à 20ml, dependendo da gravidade da doença a ser tratada.

Conforme o médico Luiz Moura, a auto-hemoterapia é um recurso terapêutico de baixo custo, e por isso mesmo poderia ser adota na rede pública de saúde, que estimula o S.R.E. (Sistema Retículo-Endotelial), quadruplicando os macrófagos em todo o organismo.

O sangue, em contato com o músculo, desencadeia uma reação de rejeição do mesmo, estimulando assim o S.R.E. A medula óssea produz mais monócitos que vão colonizar os tecidos orgânicos e recebem então a denominação de macrófagos.

As doenças infecciosas, alérgicas, auto-imunes, os corpos estranhos como os cistos ovarianos, miomas, as obstruções de vasos sangüíneos são combatidas pelos macrófagos, que quadruplicados conseguem assim vencer estes estados patológicos ou, pelo menos, abrandá-los.

No caso particular das doenças auto-imunes, a auto-agressão decorrente da perversão do sistema imunológico é desviada para o sangue aplicado no músculo, melhorando assim o paciente.