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Politica Brasil
Quinta - 29 de Março de 2007 às 13:06
Por: Kleber Lima

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A chamada “crise” entre o PFL e o PR, ou entre o senador Jaime Campos e o governador Blairo Maggi pode ser puro jogo de cena. No fundo, não se avistam divergências essenciais entre os projetos de ambos, que, na verdade, se encontram e se fundem no médio prazo, uma vez que a eleição que os dois deverão disputar será somente em 2010, e para cargos distintos.

Claro que política não se resume à eleição. A rigor, eleição é o ponto máximo da política, quando o processo entra em ebulição, as pessoas estão mais sensíveis aos reclamos de A, B, C e D, e as decisões de massa são tomadas.

Mas, nós o sabemos, política é um processo contínuo, quotidiano. E, às vezes, quanto aparenta muita quietude, as coisas acontecem aceleradamente.

Projeto político também é outra coisa. Parte da política – do princípio ou do conjunto de valores ideológicos que norteiam um indivíduo ou um grupo deles -, contempla eleições, mas visam essencialmente ao poder, ao exercício do poder.

E nesse quesito, a rigor, não se tem notícia substanciosa de que haja divergência entre Jaime e Blairo. Exceto por um detalhe: as pessoas que irão representar o projeto comum que ambos compartilham, de fazer o sucessor de Maggi e eleger as duas vagas de senador que irão se abrir.

Em princípio, o projeto seria o seguinte: Maggi ficaria com uma vaga de senador, Jaime iria para o Governo, Pagot assumiria os quatro anos restantes do mandato de Jaime no Senado, e a outra vaga para o Senador ficaria para outro aliado mais forte (José Riva, Welington Fagundes, Percival Muniz, Roberto França, Pedro Henry, por exemplo).

O problema é que a base de alianças de Blairo Maggi está se ampliando muito. A própria adesão ao PR demonstra que figuras que até bem pouco tempo mal freqüentavam institucionalmente o Palácio Paiaguás, agora já circulam com desenvoltura na copa e cozinha do governador. Já mijam de porta aberta, como se diz em português caboclo.

E talvez a mais significativa das novas alianças políticas do governador, que talvez esteja no pano de fundo da “crise” jaimista, seja, na verdade, a aproximação com o PT, tanto o do Planalto como o do Pantanal.

Porque o PT tem nome para entrar nessa lista de prováveis candidatos a senador, e, porque não dizer, de governador, em 2010, na mesma chapa que Blairo Maggi.

Talvez para Jaime o melhor para o cenário de 2010 seria mesmo uma crise com Blairo Maggi, que resultasse, lá na frente, numa polarização eleitoral entre ele e Pagot para o governo. Seria o jogo do ganha-ganha: se Jaime ganhar para o governo, Pagot fica com metade do seu mandato de Senado. E Pagot, caso vença, Jaime continua Senador.

Tudo ensaiadinho. Mas, como ocorre sempre nesses casos, só falta combinar com o eleitor.

KLEBER LIMA é jornalista pós-graduado em marketing e analista

político. E-mail: kleberlima@terra.com.br.





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