Simon rebate discurso de Collor e diz que STF errou ao absolver ex-presidente
O senador disse que decidiu se pronunciar porque na semana passada não estava em Brasília e ficou incomodado ao ver que nenhum de seus colegas rebateu o discurso de Collor. "Vim a essa tribuna com mágoa, achei que sua excelência exagerou [no discurso]. E os meus colegas senadores ficaram tão emocionados com o seu discurso que vossa excelência saiu daqui consagrado. Achei que alguém se esqueceu da CPI", afirmou.
A declaração incomodou os colegas. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) voltou a afirmar que "houve exageros e que Collor pagou um alto preço", mas que sua posição não significava desprezo ao trabalho da CPI da qual ele também participou.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), também reagiu. "Não creio que meu aparte tenha emocionado ou comovido ninguém. Me pronunciei como líder e optei por não analisar os fatos."
Críticas
Simon lamentou a absolvição de Collor pela Justiça e disse que o fato de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter alegado que não encontrou provas contra ele não pode ser usado como argumento para que o processo de perda de mandato seja considerado um erro. "O Supremo não disse que não tinha provas, mas que houve falta de provas", afirmou.
Para o senador, o maior erro nesse processo foi do STF, que desconsiderou a "farta documentação" produzida pela CPI. Segundo ele, Collor não pode se considerar inocente com base na decisão do Supremo porque até hoje a Corte não julgou nenhum político.
"O STF jamais poderia ter alegado falta de provas para encerrar o processo. A CPI produziu milhares de documentos, ouviu várias pessoas", afirmou. Depois prosseguiu: "O STF até hoje não julgou um político brasileiro, um deputado, um senador. Os processos ficam todos na gaveta".
Collor retrucou: "O que eu trago são fatos, vossa excelência tem as suas opiniões. Houve atropelo nas investigações, erro crasso que vai de encontro a nossa carta maior", disse. "A sensação de impunidade que há no país não pode ser imputada a mim porque eu fui punido. Perdi os meus direitos políticos por oito anos, que é a pior punição que um homem público pode receber", reiterou.
Simon disse que o país não poderia se esquecer da "roubalheira", e foi novamente interrompido por Collor. "A vossa excelência parte para o ataque pessoal. O STF não me acusou." O senador pediu para que a expressão "roubalheira" fosse retirada de seu discurso, mas avisou que mantinha suas convicções de que a cassação do ex-presidente não foi apenas política, mas baseada em irregularidades encontradas pela CPI.
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