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Meio Ambiente
Segunda - 19 de Fevereiro de 2007 às 16:45

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A professora Jeanine Felfili, do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB), disse que a pesquisa divulgada pela Embrapa Cerrados na última quinta-feira (15), que conclui que 61% da cerrado conserva a vegetação original, apresenta “uma distorção bem grande”.

“Por essa pesquisa, o cerrado estaria ótimo. Mas só de andar nas estradas se percebe que não é isso”, disse a professora, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ela, o problema da pesquisa é metodológico, porque a Embrapa Cerrados (unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) classificou como remanescente tanto a vegetação intocada como a que foi perturbada, ou seja, uma área que foi desmatada, virou pasto ou foi abandonada e que tem alguma vegetação crescendo ou está em processo de recuperação. “Para mim, tem uma defasagem de 20%, que é justamente referente a essas áreas degradadas que não estão sendo cultivadas, que foram consideradas como remanescentes”.

De acordo com Jeanine Felfili, pesquisas realizadas anteriormente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2000 e pela organização não-governamental (ONG) Conservação Ambiental em 2002, apontam que a vegetação remanescente original do cerrado não ultrapassa os 40% (na verdade, a da ONG registra 46%). “A pesquisa da Embrapa não bate com nenhuma outra pesquisa das outras organizações importantes, que foram divulgadas na época em que o cerrado foi enquadrado como um hot spot mundial”, disse.

Hot spots são ecossistemas de alta biodiversidade que estão sob muita pressão de degradação, e que por isso têm prioridade de preservação. No Brasil, além do cerrado, a mata atlântica também é considerada um hot spot. Segundo a professora, caso o percentual apontado pela pesquisa da Embrapa esteja realmente correto, não haverá razão para a preservação da biodiversidade do cerrado continuar prioritária.

Para Felfili, o cerrado não conseguirá resistir às pressões agrícolas sem a criação de unidades de conservação que funcionem de fato. Ela disse ainda ser necessário ampliar o tamanho das reservas desse bioma. “Enquanto as reservas na Amazônia são de 1 milhão de hectares, as do cerrado são todas pequenas, não passam da casa do milhar. Uma família de onças não consegue viver num parque nacional”, afirmou.

A professora disse também que falta fiscalização e assistência técnica de órgãos como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) para que as reservas legais cumpram sua função. “Estamos precisando fazer a transversalidade que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sempre prega. Ou seja, os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente se darem as mãos e fazerem um trabalho integrado”.





Fonte: ABr

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